Política Titulo Corrupção
Calixto: Aidan integra
esquema no Semasa

À CPI, advogado confirma participação de prefeito em
extorsão a empresas para liberação de licenças ambientais

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
10/04/2012 | 07:06
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Em depoimento ontem à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), o advogado Calixto Antônio Júnior afirmou que o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), faz parte de "quadrilha de corrupção" na cidade, que se estendeu ao Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Segundo ele, o grupo também tinha Nilson Bonome e Jarbas Elias Zuri (que já deixaram a Prefeitura), além dos secretários Alberto Casalinho (Obras) e Frederico Muraro Filho (Habitação). Procurada ontem à tarde por telefone e por e-mail, a Prefeitura não quis se pronunciar.

Calixto ratificou a existência de esquema de extorsão sobre empresas para liberação de licenças ambientais na autarquia, denunciado pelo ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi.

Citado até o momento, na ação apurada também pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, como mentor do sistema de propina ao lado de Ângelo Pavin e Dovilio Ferrari Filho, superintendente e adjunto, respectivamente, o advogado assegurou que sua indicação para atuar na autarquia teve influência direta do chefe do Executivo. "Entrei no Semasa a pedido do doutor Aidan."

Calixto endossa as declarações de Tokuzumi, ao afirmar que o próprio prefeito, em meados de outubro, o incumbiu de paralisar os pedidos de licença ambiental. "Para negociar antes com todas as empresas."

O advogado assegurou que foi convidado a trabalhar no Semasa em setembro, período que houve o rompimento de Aidan com o então homem-forte do governo Nilson Bonome "Ele me chamou para analisar os processos e mandar brecar as licenças, fazer fila na emissão. Disse: ‘Você vai ser o cara'." Mesmo com a incumbência, nunca foi funcionário público. O advogado afirmou que, em certas situações, o próprio Aidan buscava a ‘taxa'com empresários.

Colocando-se como assessor político e ligado ao setor imobiliário, o advogado disse que participou da eleição de Aidan em 2008. "Apresentava empresas que poderiam colaborar na candidatura." Com a vitória nas urnas, foi chamado para a turma de "forasteiros que ganharam milhões em Santo André com dinheiro público". "A maioria das grandes empresas tem de pagar cerca de 10% a 12% (de propina sobre o valor dos empreendimentos)."

Calixto dava expediente diário, das 8h às 8h30, no sexto andar do Semasa - onde está a superintendência. Ele salientou que "todo mundo o via na autarquia" e que esteve "em um ou dois eventos na chácara de Pavin", no Riacho Grande, em São Bernardo, contrariando as declarações do superintendente, que, em sua oitiva, relatou que o conhece somente de vista. O advogado rechaça, porém, que tenha recebido recurso do esquema e que Aidan prometeu pagar a ele apenas os honorários. "Em torno de R$ 100 mil por mês."

Dizendo-se ameaçado, declarou que está pronto para acareação. "Se Polícia Civil, MP e vereadores tiverem interesse de levar a apuração a fundo, é caso de impeachment (contra o prefeito)." Calixto disse que irá apresentar provas do esquema em 15 dias.

 

Depoente parte para o ataque contra o presidente do Diário

 

Mesmo ratificando toda a denúncia publicada com exclusividade pelo Diário, Calixto Antônio Júnior alegou que "apanha por 30 dias", referindo-se ao período de reportagens, e que, por isso, estuda entregar seu escritório de advocacia. "Como vou arrumar cliente agora?" Nesse contexto, ele partiu para o ataque contra o diretor-presidente do Diário, Ronan Maria Pinto, e o acusou, sem apresentar qualquer prova, de realizar achaque. "Ele faz um desserviço ao Grande ABC."

Em continuidade às acusações, Calixto tentou atrelar Ronan ao episódio do assassinato do então prefeito petista de Santo André Celso Daniel, morto em 2002. O presidente do Diário não consta entre os réus no processo que investiga a morte.

Calixto afirmou que se ficar preso 40 anos pelas declarações cumprirá com "consciência tranquila". Dez anos após a morte do prefeito, o caso ainda não tem desfecho e pode ser julgado neste ano no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

Quando procurado para dar explicações na primeira reportagem, no mês passado, Calixto já havia feito acusações a Ronan, numa tentativa de intimidação à equipe do Diário.

O empresário afirmou que irá tomar providências quanto às afirmações do advogado. "Minha assessoria jurídica irá acioná-lo na Justiça. Ele terá de provar o que disse", garantiu Ronan. "O jornal não irá recuar por conta de intimidações. O interesse do leitor será espeitado", completou o diretor-presidente do Diário.




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