A Caixa Econômica Federal anunciou ontem novas taxas de juros dos empréstimos ao consumo. A estratégia do banco público é agressiva. Cheque especial ao consumidor terá taxa mínima de 1,35% ao mês. E o rotativo do cartão de crédito (dívida não liquidada após o vencimento da fatura) terá piso de 2,85%. Pequenas e médias empresas também ganharão com o pacote, denominado Caixa Melhor Crédito. O custo de financiamentos de capital de giro, por exemplo, caiu de 2,27% ao mês para 0,94%. Não houve alterações no crédito habitacional.

O presidente da instituição, Jorge Hereda, deixou clara a estratégia. "Queremos aumentar o número de clientes e não necessariamente vamos perder na rentabilidade reduzindo juros." E concluiu: "Podemos fazer isso por causa dos bons resultados que tivemos nos últimos anos". A carteira de crédito teve crescimento médio de 40% desde 2003.

Hoje, a Caixa ocupa a quarta posição em tamanho de carteira de crédito. "Até o início de 2013 queremos ser a terceira maior." A expectativa é encerrar o ano com R$ 300 bilhões em novos contratos e carteira de R$ 340 bilhões.

Cabe agora ao consumidor pesquisar e, se necessário, renegociar suas dívidas mais caras. No caso do especial e do rotativo do plástico, Hereda garantiu que a cobrança de juros será atualizada automaticamente. "No especial, estamos retroagindo os novos juros para o dia 2", afirmou.

Mas em contratos já existentes, como o de CDC (Crédito Direto ao Consumidor), para aquisição de bens (que ficam como garantia aos bancos), consignado e financiamento de veículos, que caiu de 1,19% ao mês para 0,98%, o cliente terá que procurar o gerente renegociar novas taxas.

Em geral, as modalidades que a Caixa e o Banco do Brasil diminuíram os juros são mais baratas do que nos bancos privados (veja arte).

As reduções do BB, como o rotativo do cartão de crédito em 3% ao mês, entram em vigor na quinta-feira. As instituições públicas oferecem melhores condições para quem receber salário pelos bancos. No caso da Caixa, o cliente terá acesso ao novo Cartão Azul Caixa, plástico que dará acesso ao rotativo de 2,85% ao mês. Mas o banco barateou seus empréstimos para todos os clientes, tanto atuais quanto os novos, seja com conta normal ou salário. O cheque especial normal caiu de 8,25% ao mês para 4,27%.

Hereda disse que a inadimplência da Caixa nas operações de pessoa física está em 5%. E não acredita em alta prejudicial ao banco, tendo em vista que os critérios de análise para concessão não foram afrouxados. "Mas se no futuro as coisas mudarem e tivermos que rever os juros, serão tomadas novas decisões."

O executivo diz que o mercado de juros está mudando e que as reduções no setor privado ocorrerão de acordo com o custo que cada um dos bancos tem para emprestar. Conforme o Diário publicou, a tendência é que mudanças gerais de juros no Sistema Financeiro Nacional devem ocorrer após seis meses. Esse seria o período que os bancos privados - como Itaú, Santander, Bradesco e HSBC - levariam para absorver as reduções dos públicos e estudar a demanda por empréstimos.