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Economistas: momento é de aplicaçoes prefixadas
Do Diário do Grande ABC
10/04/1999 | 14:24
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O dólar já está mais acomodado, os juros começaram a recuar e a inflaçao nao está assustando tanto quanto se esperava. Na opiniao de especialistas, é hora de voltar para as aplicaçoes prefixadas. No mês passado, esse investimento bateu a rentabilidade do fundo DI, que era a opçao mais segura para atravessar a turbulência que sacudiu a economia.

Os fundos DI acompanham a oscilaçao dos juros e sao indicados quando a tendência é de alta das taxas. Mas as opçoes prefixadas podem acabar obtendo maior performance se a tendência for de queda, como está ocorrendo agora. O fundo de investimento de 60 dias (FIF 60) BNP Optimum Renda Fixa, do Banque Nationale de Paris, rendeu 4% em março. Já o FIF BNP Optimum DI rendeu menos: 3,3%.

Mas o gerente de riscos do Lloyds Asset Management, Gilberto Poso, acha que os fundos prefixados têm risco de apresentar menor rentabilidade do que a projetada. "As taxas podem acabar caindo menos do que o esperado". Por isso, Poso acha que o melhor é apostar em fundo de renda fixa misto, ou alavancado. Na carteira desse investimento há uma parcela prefixada e outra pós-fixada. "Nesse caso, o administrador pode fazer um descasamento se houver mudanças no mercado".

O diretor da AGF Braseg Asset Management, Kazuhiro Miyamoto, acha que o momento é de cautela. O analista acredita que apenas parte dos recursos deve ir para fundos prefixados. "A inflaçao e os juros ainda estao altos, esse otimismo é exagerado". É que o Brasil ainda depende de investimentos externos e a balança comercial ainda nao deu a virada tao esperada, com o impulso das exportaçoes.

Quem nao quer arriscar muito, pode apostar em fundos multicarteira que têm renda variável. O Banco do Brasil, por exemplo, tem aplicaçao que concentra até 20% do patrimônio em açoes da bolsa. Mas para o superintendente da Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do Banco do Brasil, Evandro Lopes, "o momento é da renda fixa".

O analista acha que, embora a bolsa tenha obtido boa performance no ano, até agora acumula valorizaçao de 66,9%, pode nao haver mais tanto espaço para a aplicaçao continuar com o mesmo pique nos próximos meses. Já o diretor do Banque Nationale de Paris, André Pires de Oliveira, discorda. "Acho que a bolsa ainda pode subir mais".

O investidor que tem aversao a risco deve mesmo ficar na renda fixa. Embora a caderneta de poupança seja a opçao mais tradicional, sua estrela anda brilhando pouco. Nem a diminuiçao do redutor deu fôlego a esse investimento, explica Lopes. "Os fundos de renda fixa de 30 dias têm rentabilidade acima da poupança". A aplicaçao em CDB também nao é atraente para o pequeno investidor, porque as melhores taxas só sao oferecidas para grandes quantias.

Como a cotaçao do dólar já está recuando - o fechamento de sexta-feira ficou em R$ 1,70 - e nao há perspectiva de que a oscilaçao volte, essa opçao perdeu a atratividade. Só vale a pena para quem tem dívidas em dólar e quer se garantir. Nesse caso, uma boa opçao é o fundo cambial de 30 dias, que tem carência menor do que os tradicionais FIFs cambiais de 60 dias.

O fundo de investimento no exterior (Fiex) é outra aplicaçao de pouca atratividade. É que sua carteira é composta por títulos da dívida externa brasileira. Embora esses papéis estejam se valorizando com o fim da crise, afirma Poso, "a perda com a variaçao do dólar anula esse ganho".




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