A atendente Mara Sílvia de Souza, 29 anos, que junto com seus filhos foi feita refém por 56 horas dentro da própria casa, em Campinas, interior do Estado, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.

Sob o efeito de calmantes, a operadora de caixa de supermercado, contou que o momento mais dramático dos três dias foi pouco antes do final do seqüestro. O criminoso Gleison Flávio de Salles ficou nervoso quando viu pela televisão que seu nome estava sendo divulgado pela imprensa e deu um tiro contra a janela de um dos quartos da casa. Logo após o disparo, os policiais invadiram a casa. O bandido agarrou o pescoço de Thiago, um dos filhos de Mara, usou a criança como escudo, com a arma apontada para a sua cabeça, e ainda pediu para a atendente deitar sobre eles.

”Se ele fosse matar meu filho, mataria nós dois porque eu ia puxar a arma para a minha cabeça", completou, em coletiva à imprensa na sede da Sociedade de Medicina de Campinas

De acordo com a vítima, o seqüestrador nunca teve a intenção de  matar os reféns. "Ele não nos maltratou. Só queria fugir, não queria voltar para a cadeia."

O pediatra das crianças, Tadeu Fernandes, esteve na residência da família nesta sexta e disse que Mara está com estresse pós-traumático e com a pressão um pouco elevada. As crianças, segundo ele, estão bem, e ainda não é possível dizer se terão algum tipo de seqüela emocional.

Fernandes recomendou que Mara e os filhos passem um período fora de Campinas. A família deve ficar na casa de parentes em outra cidade do Estado.

Seqüestro - O drama da família teve início às 12h30 da terça-feira. Mara de Souza e seus três filhos foram rendidos, quando Gleison — que fugia da polícia após praticar um assalto — invadiu a casa da família, armado com uma pistola automática.

Ainda no primeiro dia do seqüestro, uma criança de 4 anos foi libertada em troca de um colete à prova de balas. O menino Vitor, 10, só deixou por volta das 19h20 desta noite, minutos antes do fim do seqüestro.