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Esportivo da Mercedes-Benz 'devora' o asfalto
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
09/06/2010 | 07:00
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Foto: André Henriques/DGABC

Férias, que maravilha! Um mês inteiro fazendo tudo o que bem entender. Viagem com a namorada, corpo esticadão no sofá. Não existe hora para acordar, dormir ou comer. Nem preocupação com o amanhã. Só descanso. Tem como melhorar isso? Sim. Tem! Basta voltar ao trabalho 30 dias depois e receber da chefe a missão de testar o fantástico - desculpem o exagero, mas é verdade - Mercedes SLS AMG, que chega ao Brasil para poucos - apenas sob encomenda da Alemanha com espera de três a seis meses - pelo valor de US$ 330 mil (aproximadamente R$ 650 mil) na versão cupê e US$ 440 mil (cerca de R$ 790 mil) na topo de linha Racer, que entrega, além da configuração básica, detalhes em fibra de carbono, bancos e volante esportivos e freios de cerâmica - que garantem, entre diversas vantagens, melhor frenagem.

O primeiro contato com o animal selvagem - a fera a ser domada - acontece às 7h15 sob frio intenso (menos de 10ºC) e forte neblina no autódromo de Interlagos. Ao longe é possível só escutar o ronco que arrepia e ver os faróis acesos. Olhar invocado.

É grande a sede de acelerar o puro-sangue - o SLS é o primeiro carro desenvolvido totalmente pelo pessoal da AMG, divisão esportiva da Mercedes. Aquela que dá menos juízo a carros já ligeiramente pouco ajuizados. Enquanto não chega minha vez, admiramos o modelo inspirado no 300SL Gullwing, da década de 1950, que tem como principal característica as portas que abrem para cima, como asas de gaivota. Realmente algo marcante.

As linhas belas, harmônicas e arredondadas remetem aos caças. O capô comprido com dois vincos, o habitáculo justinho para apenas dois ocupantes e a traseira curta conferem mais identidade ao modelo, que estampa na grade do radiador a estrela de três pontas, como o Gullwing. As rodas de liga leve de 20 polegadas têm desenho único.

As lanternas traseiras compridas invadem parte da lateral e acompanham simetricamente a saída dupla do escapamento. Um pequeno aerofólio, que é acionado automaticamente em altas velocidades, é mais um detalhe em meio a tantos outros.

DEVORADOR DE ASFALTO - Hora de acelerar. Antes, testamos o controle de largada: basta selecionar a opção no seletor ao lado do câmbio, pisar com o pé esquerdo no freio, engatar primeira pela borboleta atrás do volante; e acelerador no assoalho. Giro lá em cima - ronco no último volume -, pé esquerdo fora do freio e a gaivota decola. Mostra que o espírito e temperamento são de águia.

Durante as primeiras curvas e retas percebemos que trata-se de um esportivo urbanizado. O banco de ajuste manual e o volante com base achatada convidam a acelerar - sem dó.

O velocímento rapidamente ultrapassa a barreira dos 160, 180, 200... 250 km/h. Adrenalina pura na veia injetada pelo motor central 6.3 V8 AMG de 571 cv de potência a 6.800 rpm e torque impressionante de 66,8 mkgf a 4.750 rpm - sendo que 80% desta força está disponível já a baixas rotações. Não por acaso o bichão vai de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos e atinge a velocidade máxima limitada de 317 km/h. Detalhe: a carroceria pesa apenas 241 kg - 96% dela é composta de alumínio.

A transmissão automatizada de sete marchas e dupla embreagem garante trocas em apenas 0,1 segundo - mais rápido que um piscar de olhos. Importante: mesmo o motor sendo central, a transmissão fica na parte de trás do carro, tecnologia incorporada da DTM (Campeonato Alemão de Turismo).

Na hora de frear e entrar babando no ‘S' do Senna de olho na reta oposta, o SLS surpreende positivamente - que bom, afinal, não estava disposto a testar os oito air bags. O bólido não sai da trajetória, não mergulha ou revela ser arisco. Apesar de bruto, é previsível - excelente notícia para os motoristas menos habilidosos.

A suspensão rígida agrada também. Afinal, esportivo tem de ser assim. A aderência nas curvas de alta e média e velocidade é absurda. Parece estar no trilho. A eletrônica se faz presente também. O ESP (controle de estabilidade) pode funcionar totalmente, parcialmente ou não funcionar - o que não é acoselhável! Além disso, há a tradicional sopa de letrinhas - ABS, ASR e BAS.

Mas grande parte dessa boa estabilidade está, por exemplo, na distribuição de peso - 48% na dianteira e 52% na traseira -, no cárter seco, que utiliza duas bombas e elimina a parte inferior do motor, abaixando o centro de gravidade.

Bom, não é por obra do acaso que o SLS AMG é o safety car da Fórmula 1. Parabéns à Mercedes. Parabéns à AMG.




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