Quem está pensando em mudar de emprego ou quer voltar ao mercado de trabalho deve se atentar às necessidades das companhias da região. No geral, os setores que mais têm contratado no Grande ABC neste ano são os de bens de capital – máquinas, equipamentos, instalações, bens ou serviços necessários para a produção de outros bens e serviços (29%), logística (24%), serviços (13%) e automotivo (12%).

Os dados são de levantamento realizado a pedido do Diário pela empresa de recrutamento e seleção Robert Half, que acaba de inaugurar escritório em São Bernardo (para também atender a Baixada Santista) devido à demanda da região, que em 2017 expandiu 30% e, no primeiro semestre, 50%. O faturamento oriundo das sete cidades representa 10% da operação brasileira.

“As empresas do Grande ABC dão muito valor às pessoas formadas aqui, especialmente na área de engenharia”, destaca a gerente sênior da Robert Half, Maria Sartori.

Antes de mais nada, o primeiro passo para ampliar as chances no mercado de trabalho é turbinar o inglês, ainda mais se sua área de atuação for mais técnica, uma vez que o que mais os recrutadores sentem falta é do domínio do idioma estrangeiro. “Não adianta achar que o inglês avançado é suficiente. É preciso ser fluente”, sentencia. “Muita gente que acabou de se formar opta por fazer MBA ou pós-graduação, em vez de priorizar o idioma. No entanto, acho que a especialização pode esperar um pouco, até que a área de atuação esteja definida, ou conforme a demanda do emprego.”

Questionada sobre as áreas de atuação que mais requerem o idioma fluente, Maria cita que multinacionais sempre o exigem, a exemplo de montadoras e sistemistas. Quanto aos segmentos, destacam-se engenharia (posições técnicas ou escopo técnico) – já que a linguagem da tecnologia é universal, e existe muita troca entre unidades do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa –, e finanças, em que os resultados são analisados em inglês, assim como muitos termos utilizados e certificações exigidas. O mesmo se aplica para os setores de RH e vendas.

A maior demanda na região, atualmente, tem sido por cargos de coordenação e gerência – que remuneram salários entre R$ 9.000 e R$ 23 mil, mesma faixa praticada na Capital. E não são apenas posições de substituição, mas de expansão. “São posições novas, criadas agora, e requerem conhecimento e habilidade para desenvolver produtos, principalmente na área de engenharia. Para esses cargos, o aumento de salário é de 15% a 20%”, garante Maria.

Para quem está fora do mercado, embora o anseio seja por voltar à ativa com o salário que tinha, a executiva orienta que seja considerada primeiro a oportunidade de atuar em sua área, para depois pensar na questão financeira.

PERFIL - Em relação aos requisitos fundamentais para conquistar uma vaga, Maria cita o perfil hands on – que significa mão na massa, que tope fazer o que for preciso –, comprometido, e que tenha boas referências de antigos supervisores – consulta que é sempre feita antes de efetivar a contratação.

“Agora é o momento ideal para olhar as oportunidades. Para sondar. Uma mudança de emprego, desde o momento em que o profissional começa a se movimentar até que ela seja concluída, leva entre quatro e seis meses”, afirma Maria. “Se você quer entrar numa empresa, tire referências dela, verifique o que os funcionários acham dela e dos gestores. E, caso realmente esteja decidido a tentar a vaga, não foque na questão financeira. Ela não pode ser a principal motivação. Até porque o reconhecimento costuma vir a quem se dedica e se destaca. É muito importante estar feliz no trabalho.”