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Ameaças tecnológicas
Nilton Valentim
20/07/2018 | 08:46
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O álcool sempre foi considerado uma das principais causas de acidentes no trânsito. Mas as distrações causadas pela tecnologia, incluindo celulares e GPS, também representam um grande risco. Aproximadamente 74% dos motoristas admitem distrair-se enquanto dirigem.

“Essa é uma questão mundial. As pessoas querem ser produtivas o tempo todo e não percebem que, com isso, podem sofrer ou causar sérios acidentes”, afirma Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, especialista em Mobilidade Urbana e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

Um estudo do Centro de Tecnologia Allianz, feito na Alemanha, mostra que o risco de um acidente cresce drasticamente quando os motoristas dividem a atenção entre o trânsito e a tecnologia. Os destaques do trabalho fazem uma correlação entre altos índices de acidentes e o uso de dispositivos de informação, comunicação e entretenimento disponíveis nos veículos.

Por exemplo, 60% dos motoristas que tiveram um acidente nos últimos três anos afirmaram que estavam usando o telefone celular enquanto dirigiam. Apenas 37% dos motoristas que disseram fazer o mesmo não se envolveram. “Isso não é nenhuma surpresa”, diz Jochen Haug, diretor de sinistros da Allianz Alemanha. “Quanto mais itens de tecnologia no veículo e mais complexa a operação, mais distraído estará o motorista em relação ao trânsito”, conta.

De acordo com os especialistas, um décimo dos acidentes de trânsito com fatalidade é causado por motoristas distraídos. Em 2016, aproximadamente 3.200 pessoas morreram nas estradas da Alemanha – 256 deles porque uma das vítimas envolvidas estava bêbada. Significativamente mais pessoas, por volta de 350, morreram devido distrações ao volante. No Brasil, no mesmo período, foram 6.405 vítimas fatais, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

“Aqui no Brasil, o número de ocorrências ainda é mais severo. Em qualquer parada no trânsito você olha em volta e vê motoristas utilizando o celular. Como o número de acidentes é maior, por analogia, a tendência é que também o uso dos equipamentos seja mais elevado e, certamente, causa mais distração”, pontua o especialista brasileiro.

Até os anos 1970, era aceitável um motorista beber muitas taças de vinho e ainda sim dirigir, afirma Haug. Mais de 20 mil pessoas morreram nas rodovias em 1970 e o governo respondeu introduzindo limites de velocidade nas estradas do País e estabelecendo o nível máximo de álcool no sangue em 0,8, em 1971. “O comportamento em relação à bebida alcoólica mudou. Não é mais socialmente aceitável beber e dirigir. Nós precisamos adotar a mesma atitude em relação ao uso do celular ao volante”, diz Haug. “Nosso estudo é claro, o motorista que usa o celular enquanto dirige coloca outras vidas em risco.”

De acordo com a pesquisa, a todo momento o motorista comete alguma infração em relação ao celular enquanto dirige. Três quartos dos entrevistados admitiram distrair-se regulamente com as tecnologias disponíveis no veículo, enquanto 39% afirmaram que operam manualmente o sistema de navegação ao mesmo tempo em que dirigem.

Um a cada quatro motoristas afirmou que lê mensagens de texto enquanto dirige, e 15% disseram que as respondem. Isso é mais comum em motoristas acima de 24 anos: mais de 27% leem mensagens e 23% as respondem enquanto conduzem o veículo.

Os resultados convergem com pesquisas internacionais. Um estudo de 2015, que entrevistou 1.211 motoristas nos Estados Unidos, apontou que quase 60% dos entrevistados leem mensagens no celular com o veículo em movimento. Um mês depois foi encontrada uma forte correlação entre os resultados e os índices de colisões. Além disso, as colisões com veículos motorizados são responsáveis por aproximadamente um quarto de todas as mortes de adolescentes e jovens adultos (entre 15 e 24 anos) nos Estados Unidos. (com Agências) 




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