Como pode, em pleno século 21, o ato de amamentar ser classificado por funcionários de um terminal rodoviário de ‘atentado violento ao pudor’? Que grave crime poderia cometer uma mãe ao matar a fome do filho – de apenas 1 mês de vida – com o alimento mais indicado para a sua saúde? Como é possível que pessoas que trabalham em atendimento ao público possam ser tão insensíveis ao ponto de ameaçar uma mulher e seu bebê com a polícia?

Por incrível que possa parecer, isso ocorreu ontem, no Terminal Vila Luzita, em Santo André. Onde uma dona de casa, que havia saído pela primeira vez depois de ter dado à luz, se viu constrangida por brutamontes intolerantes, que, revestidos da pequena autoridade que seus crachás de identificação funcional lhes concede, a repreenderam por cuidar bem do bebê. Sequer deixaram que a mesma fosse ao banheiro para terminar de saciar a fome do filho, sob pena de ter de pagar outra passagem.

É, no mínimo, repugnante a atitude deste trio, que, ao invés da ação de amamentar, consegue vislumbrar apenas o ato de pôr ‘os seios para fora’. Frase de profundo desrespeito que um deles dirigiu a ela.

Diante de tudo o que ocorreu, das atitudes grosseiras, intempestivas e irracionais tomadas por estes funcionários, o que se espera da Prefeitura de Santo André é que puna com o máximo rigor a companhia que emprega estes indivíduos. Para que sirva de exemplo.

Hoje, diante da repercussão negativa, certamente a empresa irá manifestar-se dizendo que se trata de caso isolado e que tomou providências para que não se repita.

Se isso acontecer será pouco. É preciso muito mais, inclusive que se disponibilize um espaço apropriado para que se possa oferecer o leite materno às crianças. Para que as mulheres tenham conforto, segurança e não sofram constrangimentos causados por pessoas despreparadas e insensíveis. Amamentar é um ato de amor, que precisa ser incentivado. Jamais tratado como se um delito fosse.