É auspiciosa a informação de que a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) reduziu o número de falhas classificadas como ‘notáveis’ na circulação das composições no ano passado em todas as linhas do sistema. Tornar a operação mais confiável é a única maneira de atrair usuários, contribuindo para que mais pessoas optem pelo transporte coletivo e, deixando o automóvel particular nas garagens, descongestionem as vias das grandes cidades – no que se configura atualmente um dos maiores gargalos da Mobilidade Urbana.

Todas as nações desenvolvidas do planeta, sem nenhuma exceção, investem pesadamente no transporte sobre trilhos. É a mais confortável, ágil e barata forma de deslocamento em massa. Na Região Metropolitana de São Paulo, onde se encontra o Grande ABC, os trens não são tratados com a atenção que merecem. Além de a malha não crescer, os investimentos em manutenção são insuficientes para garantir a qualidade do serviço.

Nos 12 meses de 2017, 23 ocorrências interromperam totalmente o fluxo de trens em uma das linhas da CPTM – no Grande ABC, foram seis, todas provocadas por agente externo: alagamentos na via causados por chuva forte. A causa única provoca o questionamento: por que não se melhora a drenagem a ponto de se evitar nova paralisação? Certamente a engenharia já deve ter encontrado a solução necessária para o caso. O que deve faltar é dinheiro para se aplicar o remédio.

É bastante difícil compreender os planos da CPTM. A companhia, infelizmente, protege exageradamente dados que deveriam ser de conhecimento geral, dada a sua importância para a população. O Diário, por exemplo, só conseguiu acesso aos números das falhas no sistema depois de recorrer à lei de acesso à informação, expediente que contraria a política de transparência que deveria nortear as empresas públicas. O que a estatal tem a esconder dos paulistas? O esforço das autoridades deveria se concentrar não na censura de estatísticas, mas em melhorar a eficiência dos trens. É hora de pôr a situação nos trilhos.