Inaugurado há três anos, o Trecho Leste do Rodoanel Mário Covas facilitou sobremaneira a vida dos motoristas. Especialmente dos que fazem a rota entre duas das regiões mais importantes da zona metropolitana de São Paulo, o Grande ABC e o Alto Tietê, e antes tinham uma única opção: a perigosíssima Índio Tibiriçá, que por muito tempo ostentou o deplorável título de Rodovia da Morte. Ocorre que os benefícios advindos da entrada em operação da estrada não podem apagar as mazelas do período de implantação, das quais o atraso na conclusão é a mais significativa.

O início da operação do Trecho Leste atrasou em exatos 474 dias, o que afrontou os termos do contrato assinado entre governo do Estado e a SPMar, concessionária responsável pela execução das obras. Por causa disso, a empresa deveria ser multada, o que acabou acontecendo. Ocorre que, passados três anos, nenhum centavo foi pago ao órgão que regula o serviço em São Paulo, a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo).

De acordo com cálculos feitos pela equipe de reportagem deste Diário, a dívida acumulada da SPMar com o governo paulista atingiu a casa dos R$ 63 milhões. E, pior, não há no horizonte qualquer sinal de que o débito venha a ser quitado em curto espaço de tempo. Enquanto isso, claro, os 27 mil motoristas que utilizam diariamente a estrada seguem enchendo os cofres da concessionária ao passar pelas inúmeras praças de pedágio.

Não se trata aqui, evidentemente, de satanizar as parcerias entre as iniciativas pública e privada. Muito pelo contrário. Este jornal reconhece, e saúda, os avanços estruturais que podem ser conseguidos com a junção de esforços, especialmente em tempos de crise econômica e recursos escassos. Mas não pode se calar diante da inexplicável inanição das autoridades competentes do Estado de São Paulo diante da demora na cobrança da dívida da empresa. Os paulistas já precisaram conviver com o prejudicial atraso na conclusão da importante obra viária; que a Artesp não os obrigue a arcar com mais este custo.