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Após pedido de recuperação judicial, Justiça libera bens da Dolly
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
28/06/2018 | 07:05
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Após ingressar com pedido de recuperação judicial na terça-feira, ontem o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) determinou o desbloqueio dos bens da fabricante de bebidas Dolly, que possui linha de produção em Diadema e centro de distribuição em São Bernardo. No dia 15, 328 trabalhadores foram demitidos das operações na região – número que agora chega a 368, com corte de outros 40 que atuavam na entrega dos produtos. No dia 18, a companhia fechou fábrica em Tatuí (Interior) e dispensou 700 profissionais.

No requerimento de recuperação judicial ao TJ-SP, as empresas Dettal Part, Brabed e Empresa Paulista de Refrigerantes Ltda, donas da marca, apontam que o pedido se dá porque, com o bloqueio, não sobra “qualquer numerário em conta para efetuar pagamentos de empregados, encargos sociais e impostos gerados, além daqueles que são frutos de parcelamentos”.

De acordo com a Dolly, sem poder operar as próprias contas bancárias, a empresa não está conseguindo cumprir seus compromissos. “Esta foi a única forma que restou para impedir a falência imposta pela Justiça Federal de São Bernardo”, diz a fabricante, em nota.

As unidades na região, entretanto, permanecem funcionando, segundo a companhia, apesar da informação de que faltavam insumos por não ter como pagar por eles. Conforme Ademir José da Silva, coordenador do Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do ABC), ontem, até o início do jogo da Seleção Brasileira, às 15h, 28 mil pacotes de refrigerantes haviam sido distribuídos. “Durante a greve (que durou 25 dias por falta de pagamento), chegou a 10 mil por dia. Mas, antes, esse número girava em torno de 150 mil e, em dias muito bons, 200 mil”, conta.

Silva revela que, nos últimos dias, mais 40 trabalhadores responsáveis pelo transporte das mercadorias foram dispensados. Ontem, 368 funcionários da produção e da distribuição demitidos na região – mais da metade do efetivo, de cerca de 700 colaboradores – assinaram a rescisão contratual. Mas, apesar da promessa de depósito de valores como salário atrasado, multa e rescisão, nada havia sido depositado. Ex-empregado que pediu sigilo disse que existe o temor de não receber, mais uma vez. “Nos foi liberado apenas o acesso ao FGTS, mas só na semana que vem. Pelo menos poderemos entrar com o seguro-desemprego. Desde o dia 18 de maio estamos sem receber nada”, desabafa.

Questionada, a fabricante assegura que “com a liberação das contas, a partir da próxima semana começamos as negociações para pagamento de todos”. Em maio, o dono da Dolly, Laerte Codonho, ficou preso por oito dias devido à investigação, ainda em curso pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), acerca de sonegação de impostos que totalizam R$ 4 bilhões.

Para o coordenador do Sintetra, o desbloqueio dos bens dá a esperança de que funcionários sejam recontratados, uma vez que ele acredita que as demissões tenham ocorrido para chamar a atenção da Justiça. “Existe demanda pelo produto e trabalho para todos na fábrica e no centro de distribuição. Os cortes não fazem sentido. Agora que o acesso às contas foi liberado, é possível que aqueles que foram dispensados da Ecoserv e da Redimpex sejam recontratados pela Brabeb.” 




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