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Secretaria combate morcegos com raiva no interior de SP
Do Diário do Grande ABC
05/06/2000 | 15:31
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A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento começou nesta segunda uma campanha para conter o avanço da raiva na regiao de Bragança Paulista e Vale do Paraíba, no interior de Sao Paulo. A proliferaçao da doença está associada a alteraçoes ambientais, que favorecem a instalaçao e reproduçao de colônias de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue). Eles atacam e contaminam bovinos e eqüinos, principalmente. O objetivo da campanha é sair de uma atitude defensiva - de eliminaçao das colônias de morcegos mediante chamado de fazendeiros - e partir para a ofensiva, utilizando as informaçoes sobre ecologia e comportamento dos morcegos para monitorar os novos ambientes, que eles estao ocupando.

Existem cerca de 150 espécies de morcegos no Brasil, das quais apenas 3 sao hematófagas e só uma ataca mamíferos, o Desmodus rotundus. Originalmente, a espécie habitava cavernas na regiao da Serra da Mantiqueira, no noroeste do estado e no extremo sul, no Vale do Ribeira. Mas a duplicaçao de diversas rodovias, criou habitats artificiais para os vampiros, que vem se multiplicando nos bueiros das estradas. Ali eles tem água, temperatura adequada e penumbra para se estabelecer e estao protegidos de seus predadores naturais - cobras, corujas, gambás e pequenos carnívoros - porque estes dependem das reentrâncias das cavernas naturais para chegar até as colônias de morcegos. Os hematófagos também nao sofrem a concorrência das espécies inofensivas de morcegos no novo ambiente, porque estes nao conseguem se fixar em paredes e tetos muito lisos.

Os morcegos vampiros dormem nos bueiros de dia e à noite saem para se alimentar nas fazendas vizinhas. Eles transmitem o vírus da raiva a outros mamíferos através da mordida. Os animais infectados tornam-se transmissores e a raiva é mortal para todos. Os morcegos portadores da raiva também infectam outros morcegos - vampiros ou de outras espécies - na mesma colônia, através de ferimentos provocados em brigas e porque tem o hábito de se lamberem uns aos outros.

Até agora, a secretaria vinha eliminando as colônias de morcegos a partir de denúncias de fazendeiros, cujo gado havia sido mordido. A partir desta segunda, todos os bueiros e prováveis esconderijos artificiais serao marcados com GPS (aparelho que dá a localizaçao em coordenadas geográficas) num mapa. Mesmo depois de eliminadas as colônias - com pasta vampiricida - os esconderijos serao periodicamente vistoriados para evitar a recolonizaçao.

A campanha da secretaria da Agricultura abrange 17 municípios, num total de 2.736km2, dentro dos quais já foram visitadas, este ano, 1046 fazendas, com a eliminaçao estimada de 6.500 morcegos. Segundo Otávio Diniz, coordenador da campanha em Bragança Paulista, das 644 colônias de morcegos hematófagos identificadas entre janeiro e abril deste ano, 193 tiveram casos positivos de raiva. Durante o ano de 1999, foram localizadas 1.204 colônias com 344 casos positivos de raiva.

A campanha de identificaçao dos esconderijos foi deflagrada no inverno, ainda segundo Diniz, porque os morcegos fazem uma pequena migraçao para junto dos cursos d'água em funçao da baixa umidade do ar. As colônias concentram-se entao, em abrigos artificiais localizados num raio de até 5 km a partir dos rios ou represas e fica mais fácil encontrá-los.




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