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G8: 'Brasil poderá entrar algum dia para o G8?'
Da AFP
12/02/2006 | 15:49
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O Brasil poderá entrar algum dia para o G8? A pergunta feita no sábado ao ministro russo das Finanças, Alexei Kudrin, depois de uma reunião do grupo em Moscou, na Rússia, gerou um certo desconforto e ficou sem resposta, o que confirma o complicado direito de admissão a este seleto clube. Kudrin, cujo país preside o G8 este ano, evitou uma resposta e se limitou a falar: "No momento não posso dizer nada a respeito". No entanto, a composição do G8 provoca controvérsias. Por quê alguns países estão dentro e outros não? Quais os critérios para uma nação integrar o Clube dos Oito?

O G7 original - Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão - era formado, em tese, pelo países democráticos mais ricos e desenvolvidos do planeta. Em 1998, a Rússia foi convidada a unir-se ao grupo, em reconhecimento ao trabalho do então presidente Boris Yeltsin em favor da democracia no país, poucos anos depois da queda da União Soviética. O Grupo passou a ser chamado de G8, apesar da Rússia não participar plenamente nas reuniões financeiras do clube.

Quando Kudrin foi questionado a respeito do Brasil, um jornalista chinês presente no G8-Finanças não conseguiu evitar a incompreensão, "Teria que ser perguntado sobre a China, que se tornou (pelo volume do PIB) a quarta economia mundial, atrás dos Estados Unidos, Japão e Alemanha", afirmou.

A observação está correta, mas a China não é um país industrializado - como reconhecem seus próprios governantes -, nem um país rico, já que sua renta per capita (PIB dividido por 1,3 bilhão de habitantes) a situa em uma pouco gloriosa colocação mundial, além da 100ª. Além disso, a China, economicamente capitalista mas politicamente governada sob a égide do Partido Comunista, está muito longe de ser considerada uma democracia. De acordo com este critério, o Brasil tem uma vantagem indiscutível.

A polêmica, quase inexistente com o G7, surgiu com a entrada da Rússia para o clube exclusivo. Vários analistas ocidentais consideram que a democracia russa é, na melhor das hipóteses, imperfeita. Além disso, o país precisa percorrer um longo caminho para se tornar uma economia de mercado. A própria economia russa, apesar dos extraordinários recursos naturais e energéticos, continua sendo modesta quando comparada com a dos sócios de G8.

"Porém, não se deve esquecer que a Rússia foi, no período soviético e durante grande parte do século XX, um protagonista inquestionável do mundo bipolar, ocidente versus comunismo", recorda um analista russo, que acompanhou em Moscou o G8-Finanças.

Após o fim da URSS (1991), a Rússia começou a desmontar seu monopólio de Estado com polêmicas privatizações e deu início a uma, lenta e difícil, transição à democracia, afirma a mesma fonte, que pediu anonimato. "O mundo ocidental triunfante tinha que premiar este processo e acolher a Rússia ao seu lado, ao invés de mantê-la de frente", acrescenta, para explicar uma das razões que resultaram no convite a Moscou.

Nem a China, apesar de ter sido o terceiro gigante no século XX, nem Brasil ou Índia - que geopoliticamente não eram pesos pesados - têm os antecedentes que permitem à Rússia, chamada nos anos 80 de "Império do mal" pelo ex-presidente americano Ronald Reagan, compartilhar hoje em dia a mesa de debates com os grandes de um mundo unipolar.




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