Economia Titulo Escândalo
Para especialistas, Dolly pode fechar se for provada fraude

Fechamento deve ser um dos efeitos do processo, que investiga desvio de R$ 4 bilhões

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/05/2018 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


 A prisão do empresário Laerte Codonho, dono da Dolly, pode colocar em xeque a continuidade das atividades da fabricante de refrigerante, que tem sede em Diadema e centro de distribuição em São Bernardo. Segundo especialistas consultados pelo Diário, como não é a primeira vez em que a empresa se envolve com problemas judiciais, a região corre o risco de ver o fechamento de postos de trabalho e até mesmo das unidades.

A investigação do Gedec (Grupo Especial de Delitos Econômicos) do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que resultou na prisão preventiva de Codonho, na quinta-feira, apura se a empresa é culpada de sonegação, lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Se os golpes forem provados, a estimativa é que o rombo de valores devidos ao Estado e à União chegue a R$ 4 bilhões. Ontem foram feitas apreensões em São Bernardo.

Para o oficial de Justiça avaliador do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e professor da Faculdade de Direito São Bernardo Vladimir Balico, se a condenação ocorrer, o encerramento das operações deve ser um efeito colateral. “Corre-se este risco. Isso provavelmente vai acontecer, se de fato os crimes forem provados, até mesmo por conta de um efeito comercial, já que as pessoas tendem a procurar menos o produto por conta dessa associação com a sonegação”, afirmou ele, ressaltando que pela duração do processo, este efeito daqui a mais de três anos.

O professor e mestre em Direito Penal da Unip Euro Bento Maciel Filho tem a mesma opinião. Segundo ele, isso pode acontecer também devido ao montante a ser pago se a irregularidade for provada. “Por se tratar de uma empresa privada, ela vai ter mais dificuldades. A não ser que fique provado o contrário. Mas, caso a fraude seja devida, ela dificilmente deve ter patrimônio”, avaliou.

Outro alvo de investigação do MPT (Ministério Público do Trabalho) é a questão trabalhista. O órgão foi acionado pelo próprio MP-SP, por conta das investigações que apuraram se a origem da maioria dos contratos de trabalho é de empresa terceirizada. Anteriormente, a Dolly já havia sido condenada pelo Ministério Público Federal por sonegação à Previdência Social. Suspeita-se que empregados tenham sido demitidos e recontratados por terceirizadas para desembolsar menos com os direitos.

Conforme o secretário-geral adjunto do Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC) Ademir José da Silva, somente no centro de distribuição de São Bernardo há entre 450 e 550 funcionários, sendo que 20% são contratados de forma terceirizada. O restante é funcionário direto de uma das empresas do grupo, a Brabeb, antiga Retimpex, que mudou de nome no ano passado. “Acho que não deve chegar a tal ponto (fechamento). Sobre a questão da sonegação, foi uma empresa que nunca deu problema, nunca atrasou o pagamento. Os funcionários que representamos nunca deram baixa em carteira para serem contratados em outros cargo.”

Questionado sobre o andamento do caso, o MP-SP afirmou que os promotores estão fazendo a análise das apreensões e que a investigação continua. A Dolly foi novamente questionada sobre o caso e manteve posicionamento de que a prisão do proprietário é injusta.




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