Economia Titulo Preços
Inflação no quadrimestre é a menor do Plano Real

Cenário é resultado do consumo represado da população; índice acumula 0,92% no ano

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
11/05/2018 | 07:30
Compartilhar notícia
EBC


O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do País, encerrou o quadrimestre em 0,92%, menor patamar desde o início do Plano Real, em 1994 – quando, para se ter ideia, o indicador marcava 303,73%. Ainda que o resultado demonstre que os preços estão acomodados, isso é reflexo do consumo represado da população, que ainda está cautelosa no momento das compras por conta das incertezas acerca do mercado de trabalho.

“Boa parte da população não tem como se defender da inflação alta. Então, esse resultado é excelente”, afirma Wellington Ramos, economista da agência classificadora de risco Austin Rating. “Mas, observando grupos ‘sensíveis à renda’ (como a carne, cujo custo está em queda, dado que na crise as famílias buscam opções mais em conta, como frango ou ovo), notamos que o consumo ainda está muito baixo”, pondera.

No entanto, apesar da inflação em queda, a expectativa é que o IPCA não encerre 2018 abaixo do piso da meta do BC (Banco Central) – que é de 4,5%, podendo variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo –, como aconteceu em 2017. Conforme o último Boletim Focus, especialistas preveem inflação de 4,12% para este ano, e a Austin Rating manteve a projeção em 3,8%.

O índice acumulado de janeiro a abril reforça a projeção do mercado de corte de 0,25 ponto percentual da taxa Selic, hoje em 6,5%, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima semana. “O cenário ideal para a recuperação da economia é juro baixo e inflação comportada, somados à atração de investimento para o País”, avalia Ramos.

No mês o IPCA acelerou, chegando a 0,22%, ante 0,09% em março. A alta foi impulsionada pelos grupos de Saúde (0,91%) e habitação (0,17%). O primeiro foi refletido pelo reajuste dos medicamentos (1,52%) – entre 2,09% e 2,84%, aprovado em 31 de março – e convênios (1,06%). O segundo, pressionado pela energia elétrica (0,99%), cuja tarifa encareceu entre 5% e 22,5% no Sul e Nordeste do País. “Dificilmente a aceleração se manterá nos próximos meses, pois foram aumentos pontuais”, assinala Luciana Machado, coordenadora dos cursos de Administração, Processos Gerenciais e Gestão Financeira da Fipecafi. “Outros grupos que têm forte impacto no bolso do consumidor, como alimentos, mantiveram-se estáveis.”

Quanto à alta do dólar, que ontem fechou aos R$ 3,54, ela só deve influenciar os preços caso seja mantida pelos próximos meses. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;