Política Titulo Também foi investigado
Empresário diz ter custeado viagem de Donisete à Disney

Dono da Le Garçon é interceptado revelando ter pago US$ 30 mil para família do ex-prefeito

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
10/05/2018 | 07:21
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A Operação Prato Feito, conduzida pela PF (Polícia Federal) em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União), também atingiu o ex-prefeito Donisete Braga (ex-PT, atual Pros), de Mauá. A investigação aponta suspeita de corrupção passiva, corrupção ativa e fraude contratual no caso.

Segundo relatório da PF, Fábio Favaretto, proprietário da Le Garçon – uma das empresas apontadas como fraudadoras de contratos na merenda em diversos órgãos públicos –, custeou viagem de Donisete, sua mulher e seus filhos para a Disney, nos Estados Unidos, ao valor de US$ 30 mil – vinhos caros estão inclusos nesta quantia. O pagamento foi dito por Favaretto em um dos diálogos interceptados. “Ano passado ele (Donisete) foi pros (sic) Estados Unidos, na Disney, ficou na minha casa, tudo por minha conta, eu gastei 30 mil dólares”, afirma o empresário (confira diálogo no fac-símile ao lado).

A viagem foi de 31 de julho de 2015 a 9 de agosto do mesmo ano. Donisete era prefeito de Mauá – havia tomado posse em 2013 – e estava filiado ao PT. Ele mudou para o Pros no mês passado, com objetivo de ser candidato a deputado estadual no pleito deste ano.

Favaretto citou, em outro diálogo interceptado, que comprou tênis de corrida e celulares para o ex-prefeito, além de participar de corridas ao lado do ex-petista. “Aí eu comecei a cobrar, cobrar, cobrar, na boa, educadamente. P***, Donisete! Eu chamo ele de Doni (esse é o apelido do político entre os mais íntimos). Ô, Doni, pô, e aí e tal. A gente mandava zap (mensagens pelo WhatsApp), eu lá e ele aqui. Agora há três meses, ele falou: ‘Tô muito ocupado, não dá pra te atender não, cara, depois quando você vier pra cá a gente conversa pessoalmente’. Eu falei assim: ‘Cara, eu não quero mais, não precisa mais, vai tomar no teu c***!”, comentou Favaretto, para, na sequência, descrever um encontro que teve com Donisete no gabinete de Mauá.

Policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência de Donisete, em Mauá, e levaram cerca de R$ 12 mil em espécie e celular do político. A PF solicitou prisão temporária do ex-prefeito, o que foi negado pela Justiça.

“Os elementos probatórios envolvendo os agentes públicos da Prefeitura de Mauá (relativos aos dois relatórios) são sólidos, ao que se encontram delineadas todas as fases descritas no modus operandi das associações criminosas em comento visto que já temos indícios de fraudes em licitações e corrupção ativa e passiva praticados de forma reiterada, a saber, mensalmente durante todo o ano de 2016”, diz a PF, no relatório divulgado ontem.

Segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de Mauá, entre 2013 e 2016 – período de gestão de Donisete –, a Le Garçon recebeu R$ 5,87 milhões em contrato para fornecimento de merenda escolar.

O ex-prefeito de Mauá não se pronunciou sobre o caso. Ele não foi conduzido à sede da PF na Lapa, tanto que, no fim do dia, foi visto em uma academia no município. 




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