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Nos bastidores do impeachment

Documentário que retrata destituição de Dilma Rousseff, ‘O Processo’ estreia no dia 17

Daniela Pegoraro
10/05/2018 | 07:00
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Divulgação


Junho de 2015. Em Brasília, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) dá abertura ao processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff (PT). A população se polariza no apoio e rejeição à petista, as tensões se intensificam tanto fora quanto dentro dos bastidores da política. É nesse contexto que a cineasta Maria Augusta Ramos se coloca com uma câmera como observadora do que foi um momento histórico do País. Depois de passar meses em Brasília e somar 450 horas de material filmado, o resultado é o documentário O Processo, que tem estreia marcada para dia 17.

Embora Dilma seja a peça-chave, não é nela em que a câmera foca. As estratégias e jogos políticos que nem sempre nos alcançam são o que ficam evidentes no filme. Da abertura do impeachment até sua conclusão, o ambiente do Congresso Nacional é retratado de forma em que podemos compreender com mais facilidade as discussões que, na época, víamos pelos noticiários. Para além disso, o documentário também tem sua atenção voltada às questões jurídicas de todo o processo, sua legalidade e legitimidade. A câmera atua apenas como espectadora, sem a utilização de entrevistas, narrações ou intervenções da diretora.

O trabalho claramente árduo de toda filmagem e montagem originou um documentário que todo brasileiro, seja lá de qual posição for, deveria tirar um tempo para assistir.

Relembrar o cenário do impeachment, que hoje parece tão distante, é necessário para se fazer uma reflexão de todo o sistema e crise política. Anos depois, podemos enxergar com clareza quais foram os desdobramentos e consequências do processo, e, a partir daí, analisar melhor o cenário atual. Se tivesse sido lançado ainda em 2016, quando a ex-presidente de fato foi afastada, é provável que não teria tamanho impacto quanto agora. E veio em tempo certo, visto que as eleições estão cada vez mais próximas.

Tendo como fio condutor o olhar do bastidor político, o documentário se faz de grande importância histórica. O filme, inclusive, foi exibido no 68ª Berlinale 2018, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, na Alemanha, sendo recebido com aplausos durante toda a sessão. Ao fim do evento, ficou em terceiro lugar no prêmio do público, na categoria documentário. 




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