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Em um ano, preço dos combustíveis sobe 15%

Quem enche tanque com gasolina paga R$ 21,60 a mais que em 2017 e, com etanol, R$ 16,65

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
20/04/2018 | 07:13
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Nario Barbosa/DGABC


Em um ano, a gasolina e o etanol registraram aumento de praticamente 15% nos preços dos postos do Grande ABC. Atualmente, o consumidor desembolsa, por um litro dos combustíveis, uma média de R$ 3,977 para o derivado do petróleo e, R$ 2,880, da cana-de-açúcar. Porém, dependendo da cidade, a gasolina é encontrada por valores acima dos R$ 4.

Na mesma semana de abril do ano passado, o litro do combustível fóssil era vendido na média de R$ 3,494, o que representa aumento de 13,82% no período. A alta também acabou influenciando no preço do álcool, que teve forte aumento na procura e, por conta da lei da oferta e da demanda, elevou seu custo. O incremento foi ainda maior do que o da gasolina, de 14,38%, que 12 meses atrás saía por R$ 2,518.

Chama atenção o fato de os combustíveis terem subido mais do que cinco vezes a inflação oficial do País. Nos 12 meses encerrados em março, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 2,68%.

Os dados são da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) com base nos valores de estabelecimentos de seis cidades (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires) e foram levantados pelo Diário.

Para se ter uma noção do peso no bolso do consumidor, considerando veículo com tanque de 45 litros, hoje se gasta R$ 21,60 a mais para encher o tanque com gasolina, ao desembolsar R$ 178,65. Com etanol, o gasto está maior em R$ 16,65, chegando a R$ 129,60.

Vale destacar que, apesar dos aumentos, a gasolina está mais vantajosa na média do preço. Para que o etanol compense, ele tem que custar até até 70% do valor da gasolina, neste caso, R$ 2,77.

De acordo com o economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a mudança na política de preços da Petrobras exerce influência nas altas. Aprovada em outubro de 2016, ela leva em consideração o preço da cotação internacional do petróleo, as margens para remuneração dos riscos inerentes à operação e o nível de participação no mercado. Desde julho do ano passado, a companhia pratica reajustes a qualquer momento, de acordo com os critérios estabelecidos.

“No governo anterior, os preços da gasolina estavam represados, mesmo que houvesse alta, isso não era repassado porque a inflação estava baixo. Esta política é uma forma de tentar recompor este preço. Agora ele é descolado da inflação e se pauta com base no mercado internacional. Mesmo assim, o consumidor acaba pagando a conta por estes anos de descuido desta variável importante”, defendeu.

O coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor)do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas), André Braz, observou que o aumento do combustível na região acompanhou a variação apontada pelo índice nacional. Conforme o IPCA, em um ano os gastos com combustível aumentaram 15%. “Isso, de fato, pesou no custo de vida das famílias, que acabam tendo de abrir mão deste consumo. Além da política da Petrobras, o índice acaba sendo influenciado por questões cambiais. A política anterior não tinha correção de preço de mercado, era coordenada pelo próprio momento, o que era muito pior, porque a gente joga para frente a inflação que pertence ao passado”, explicou.

COMERCIANTES
Mesmo com a alta, desde o início deste ano os preços da gasolina permanecem praticamente estáveis. Em janeiro, a média do litro ficava em R$ 3,979. Para o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR), Wagner de Souza, que credita os aumentos no período de um ano também ao reajuste no PIS/Cofins (que representa quase 50% do valor do combustível), os postos não repassaram os aumentos do combustível neste ano. “Os revendedores ainda não conseguiram equacionar e repassar este valor, isso porque a concorrência está muito grande e, o consumo, mais baixo.” 




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