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Dilma ficará longe do povo
Beto Silva
Enviado especial a Brasília
30/12/2010 | 07:54
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A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) ficará longe do povo durante a posse marcada para sábado, das 14h às 18h30. Serão três atos oficiais: um no Congresso, um no Palácio do Planalto e outro no Itamaraty. Antes, a petista desfilará em carro aberto, mas a população ficará isolada por grades, ao contrário do que ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando chegou ao comando do governo em 2003.

A organização teme que ocorra o mesmo que aconteceu com Lula há oito anos, quando um admirador do ex-metalúrgico rompeu o cordão de isolamento da segurança e o abraçou dentro do Rolls Royce, que também será usado por Dilma.

A presidente eleita fará dois discursos: um no Congresso, mais formal, para deputados e senadores, e outro no parlatório do Palácio do Planalto, que deve ser mais emotivo, pois ocorrerá logo após receber a faixa verde-amarela das mãos de seu mentor político. Será tocado o Tema da Vitória (que celebrava as vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1) durante a descida do presidente Lula pela rampa.

A ex-ministra sairá no início da tarde da Granja do Torto, uma das residências presidenciais oficiais, e irá até a Catedral Metropolitana de Brasília. Dali, irá para o Congresso em carro aberto (em caso de chuva o veículo será fechado), sozinha. Em seguida vai para a sede do governo federal e depois recebe convidados no Itamaraty.

Após as atividades oficiais, serão realizados shows de famosas artistas, na Praça dos Três Poderes. O espetáculo "Cinco ritmos do Brasil" terá as cantoras Elba Ramalho, Fernanda Takai, Gaby Amarantos, Mart'nália e Zélia Duncan.

Os organizadores estimam presença de 20 mil expectadores, equivalente a 20% das 100 mil pessoas que viram in loco o homem da classe trabalhadora subir a rampa do Planalto em 2003. No total, cerca de 3.000 profissionais trabalharão diretamente na posse, sendo 1.000 deles dedicados à segurança, inclusive atiradores de elite posicionados em locais estratégicos. O espaço aéreo do Distrito Federal será fechado.

 

QUASE TUDO PRONTO

Está quase tudo pronto para a festa. Ontem, a colocação das grades de proteção e dos enfeites nos postes de luz estava sendo finalizada. Policiais federais e seguranças da Presidência fazem vistorias constantes em locais públicos, além de refazerem exaustivamente o trajeto que será executado por Dilma no sábado.

O "quase" fica por conta do lixo acumulado pelas ruas da Capital Federal e do mato que se expande pelas áreas verdes da cidade. Essa situação tem gerado reclamação por parte dos moradores locais.

"Estou aqui há 40 anos e nunca vi Brasília assim. Principalmente agora que recebemos milhares de turistas, deveria haver melhor limpeza e organização", critica o taxista Francisco de Almeida.

Nem mesmo o Congresso escapou do pouco caso da limpeza pública. Ontem, sacos de lixo se acumulavam na porta da Casa dos parlamentares.

O problema está no encerramento do contrato da empresa que faz o serviço para o governo do Distrito Federal. Em menos de um ano, quatro governadores estiveram à frente do Palácio do Buriti, que passou por graves escândalos de corrupção. As autoridades locais garantem que contrato emergencial de limpeza pública já foi assinado e a situação do acúmulo de sujeira está sendo resolvida aos poucos.

 

Tranquilidade impera nos arredores da casa da presidente eleita

 

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT), que tomará posse oficialmente no sábado à tarde, é uma vizinha discreta. Não se expõe e evita contato com moradores de seu bairro, que se mantém tranquilo, sem segurança federal, desde que venceu a eleição dia 31 de outubro.

Ontem, a via onde mora no Lago Sul de Brasília, localidade de classe média-alta, nem de longe parecia ser a residência particular da comandante do quinto maior País do mundo em extensão e população e uma das dez principais economias do planeta.

O único segurança particular do condomínio semi-fechado conversava com o vice-síndico da rua, Robério Simionato. A casa da frente passava por reforma e a terceira do lado direito ainda estava sendo construída.

A tranquilidade é tamanha que, por incrível que pareça, é uma das reclamações da vizinhança. "Teria de ter policiais por aqui para evitar o pior", afirma Simionato, aposentado da área de administração hospitalar e logística, 74 anos, sobre riscos de atentados.

Movimentação intensa nas proximidades da casa da petista ocorreu apenas durante o período eleitoral. A pequena rua recebeu tráfego de carros e presença de grande parte da imprensa. Aliás, situação que rendeu outra reclamação do vice-síndico. "A (então) candidata deveria ter dado mais atenção a esse pessoal, que ficou sem estrutura alguma aqui", relata Simionato, que abriu as portas de sua garagem para abrigar os profissionais de meios de comunicação que passaram pelo local.

Ele comprou o terreno da casa onde mora em 1968. Começou a viver ali em 1973. Jamais imaginou ser vizinho de presidente da República, mas encara a situação com naturalidade.

Tanta informalidade e simplicidade que o fizeram cobrar Dilma Rousseff do pagamento do condomínio - o valor não foi divulgado - logo que a petista alugou o imóvel na rua, há seis meses, pouco antes do início do processo eleitoral, em julho. "Falei com um assessor dela, que cuida dessas coisas. Até hoje não tivemos problema", diz Simionato.




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