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Aposentado processa indústria dom tabaco em Minas
Do Diário do Grande ABC
11/08/2000 | 20:22
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A aprovaçao pela Câmara dos Deputados do projeto que proíbe a propaganda do cigarro em todos os meios de comunicaçao serviu como um impulso ao desejo antigo do ginecologista aposentado, Zacarias Oliveira Barbosa, 70 anos, de buscar na Justiça um meio de recompensar os males sofridos em conseqüência do vício que cultivou durante 40 anos e do qual se livrou há somente há 12. Com uma perna amputada e vítima de graves problemas pulmonares, o médico é autor da primeira açao de indenizaçao em Minas Gerais contra a indústria do tabaco.

Seguindo a trilha de Barbosa, vários ex-fumantes também participam de uma açao coletiva, que está sendo conduzida pelo mesmo advogado do médico, Camilo de Almeida. As duas açoes serao protocoladas no Fórum Lafaiete na próxima semana.

Com a perna esquerda amputada em 1988 e sofrendo de enfisema pulmonar, Barbosa decidiu que era a hora de contribuir para alertar sobre os prejuízos causados pelo cigarro. A açao contra a indústria do tabaco deverá render uma indenizaçao, por danos materiais e morais, segundo o advogado do médico, em torno de R$ 1 milhao. Porém, esta nao é a preocupaçao de Barbosa que garante que o seu interesse principal é alertar as pessoas "para as conseqüências negativas do cigarro e punir os responsáveis.

"A esses traficantes só se castiga no bolso ou na cadeia", afirma Barbosa. Na sua avaliaçao, a polêmica proibiçao da propaganda do cigarro só vingará se a populaçao se empenhar e partir para açoes do tipo que está movendo. Ele afirma que nao é somente a indústria do cigarro que tem interesse em divulgar seu produto mas, também, das empresas de comunicaçao. "Existe um lobby grande, dos dois lados, para manter a propaganda. Ninguém quer perder dinheiro. Mas confio na reaçao popular", ressalta.

O médico, que se aposentou por invalidez em 1988, após a amputaçao da perna esquerda e quase perder a direita, lembra que começou a fumar aos 18 anos "porque era chique". Ele cita o forte lobby das indústrias do cigarro como responsável pelas dificuldades das pessoas reagirem contra os males causados pelo cigarro. "Se isto (a aprovaçao do projeto) tivesse ocorrido há 15 anos, muita gente poderia ter sido salva, inclusive eu", diz, infeliz por nao ter conseguido parar de fumar há mais tempo.

" A nicotina é uma droga como outra qualquer e mais viciante que qualquer uma. É dificílimo parar de fumar quando se é viciado", pondera. O aposentado lembra que teve vários avisos antes de perder a perna, mas só largou mesmo o vício depois que foi informado pelo seu médico de que corria o risco de perder a outra também. "Se nao parasse, seria burro", disse. O que mais o incomoda, no entanto, nao é o problema da perna, mas o enfisema pulmonar. Há pouco tempo passou dez dias internado por causa de uma pneumonia, conseqüência do problema. "As infecçoes sao mais freqüentes e os cuidados têm que ser constantes. As lesoes causadas pelo cigarro sao irreversíveis", alerta.

A açao coletiva é um dos caminhos considerados pelo aposentado como uma reaçao capaz de pressionar para que se legalize uma proibiçao definitiva da propaganda do cigarro. O advogado Camilo de Almeida, que foi orientado pela Associaçao da Defesa da Saúde do Fumante, com sede em Sao Paulo, a entrar com a açao coletiva em Minas, disse que, depois de ajuizada, as pessoas que se identificarem com o problema poderao mover processo semelhante.




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