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Rota 2030 não tem data para ser aprovado e traz preocupação

MDIC recua sobre prazo; Renault diz aguardar anúncio para definição de investimentos no País

Yara Ferraz
Enviada a São José dos Pinhais (PR)
07/03/2018 | 07:12
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Divulgação


Sei que todos têm perguntas sobre o Rota 2030, mas não tenho respostas para todas elas.” A frase foi dita pelo ministro interino do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), Marcos Jorge de Lima, ontem, durante a inauguração de fábrica da Renault no complexo de São José dos Pinhais, no Paraná.

Após praticamente 30 anos com políticas de incentivo oferecidas pelo governo federal, o setor automotivo ainda espera pelo Rota 2030. Apesar de Jorge ter estimado – durante inauguração da modernização da fábrica da GM em São Caetano – que os detalhes seriam divulgados até o fim de fevereiro, o assunto segue sem definição de regras nem prazo para divulgação. A aprovação, no entanto, é aguardada pelas montadoras para pautar os investimentos que devem realizar no País, uma vez que esse setor trabalha com programações a médio e longo prazos.

Questionado sobre mais detalhes do programa, que propõe incentivo fiscal a fabricantes que investirem em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), o ministro não respondeu à imprensa. O Ministério da Fazenda, também responsável pela iniciativa e que supostamente teria impasse com o MDIC acerca da renúncia fiscal – cujo montante defendido pela Pasta é de R$ 1,5 bilhão por ano, mesmo teto do antecessor Inovar-Auto, que expirou em dezembro –, não respondeu aos questionamentos do Diário até o fechamento desta edição. E, segundo Lima, o projeto está nas mãos da Fazenda.

Durante o evento, o ministro afirmou que, apesar do impasse, o MDIC tem compromisso com o programa. “Foram mais de 100 reuniões sobre o assunto no ano passado. A ideia é que até 2030 o Brasil seja transformado em um polo do setor”, justificou, ao completar que também aguarda os próximos passos para a aprovação.

O presidente da Renault no Brasil, Luiz Pedrucci, reafirmou a importância da aprovação para a definição de aportes no longo prazo. “Por enquanto, não temos clareza do que vem pela frente. Enquanto isso, temos de ser mais do que prudentes, até mesmo conservadores, sobre novos investimentos. Precisamos entender qual tecnologia deve ser priorizada no País.”

Apesar de acreditar na aprovação do programa, ele ponderou que a indefinição pode trazer perdas para o setor nacional. “Sem o Rota 2030, o Brasil corre risco de perder investimentos para outros países, já que há plantas em outros, e a competitividade continua”, disse Pedrucci. “Para definir o novo ciclo de investimentos, precisamos conhecer as novas regras do jogo”, complementou o presidente da Renault para a América Latina, Olivier Murguet.

APORTE - No ano em que completa 20 anos de operações no Brasil, a montadora francesa inaugura no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, a CIA (Curitiba Injeção de Alumínio), responsável pela produção de injeção de cabeçote. O investimento foi de R$ 350 milhões. Com área construída de 14 mil metros quadrados, a CIA é a quarta fábrica da montadora na planta paranaense (junto com a de comerciais leves, automóveis passeio e motores) e tem capacidade 250 mil blocos e 250 mil cabeçotes do motor 1.6 SCe por ano.

Hoje, há cerca de 100 operários atuando em dois turnos. A fábrica de motores também passa por ampliação, com aporte de R$ 400 milhões. “Isso encerra o ciclo de investimentos do Inovar-Auto”, destacou Pedrucci. Em 2017, a Renault foi responsável por 7,7% da participação do mercado. A meta é chegar a 10% até 2022.

A jornalista viajou a convite da Renault
 




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