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Khamenei faz apelo à concórdia para eleições justas no Irã
Da AFP
08/02/2004 | 17:31
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O Guia Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu às pessoas envolvidas na crise política atual que abala o país que deixem de lado suas divergências para a realização de eleições legislativas "justas e entusiastas". A carta com o pedido foi publicada na noite deste sábado pela agência oficial Irna.

"Mais do que nunca, nosso país precisa de unidade e de concórdia entre seus dirigentes", escreveu o Guia Supremo ao presidente Mohamad Khatami e ao presidente do Parlamento, Mehdi Karubi, ambos reformistas.

"As eleições são cruciais para os interesses de nossa nação e do país, e devem ser realizadas num ambiente justo, dinâmico e entusiasta", acrescentou.

"Este é um dos deveres dos dirigentes ante a nação; convém agora omitir as queixas recíprocas de alguns organismos e cumprir esta importante tarefa de forma conjunta", exortou.

Esta carta é uma resposta à que Khatami e Karubi enviaram na sexta-feira passada a Khamenei. Nesta, os dois dirigentes prometeram que as legislativas seriam realizadas na data prevista, em 20 de fevereiro, apesar da confirmação da rejeição maciça de candidaturas reformistas por parte do conservador Conselho de Guardiões.

A carta de Khatami e Karubi acabou com as especulações sobre um adiamento, sem precedentes, das eleições. Esta ameaça foi brandida durante muito tempo pelos reformistas, que queriam assim obter a aceitação de seus candidatos. Cerca de 2,5 mil de um total de 8 mil, em maioria os reformistas mais criticados, foram rejeitados pelo Conselho de Guardiões.

"Sua carta, que mostra seus esforços para a organização gloriosa das eleições e sua firme determinação em cumprir esta tarefa nacional e revolucionária na data prevista suscita minha satisfação e minha gratidão", respondeu Khamenei a Khatami e a Karubi.

O ministério do Interior, encarregado de organizar as eleições e que liderou o motim, anunciou por sua vez que não medirá esforços para que se realizem eleições "entusiastas", como ordenou o Guia Supremo, mesmo se "as eleições ficaram menos competitivas e o povo tem menos interesse em ir votar" por causa da rejeição de candidaturas, como escreveram Khatami e Karubi em sua carta enviada a Khamenei.

Na sua primeira intervenção desde que a crise saiu do impasse, o presidente Khatami expressou sua mágoa.

"As pessoas que detêm o poder, não concedido pelo povo, mas utilizado contra ele, as pessoas que utilizam a religião, a ciência e a cultura para reforçar seu poder e humilhar outros, as pessoas que deturpam a história (...) serão julgados de maneira implacável pela história", denunciou Khatami durante uma conferência.

Resignado, no entanto, ante a inflexibilidade dos conservadores sobre as candidaturas, Khatami garantiu a Ali Khamenei que organizará as eleições legislativas na data prevista.

"Apesar de o Conselho de Guardiões ter rejeitado as recomendações do Guia Supremo, organizaremos as eleições na data prevista, conforme as suas ordens", escreveram Khatami e Karubu ao aiatolá.

Centenas de estudantes, por sua vez, fizeram uma manifestação neste domingo, dentro da Universidade de Teerã, gritando palavras de ordem em favor do boicote das eleições.

"O lema de cada iraniano é o boicote das eleições" e "Khatami renuncie" eram algumas das frases pronunciadas pelos estudantes, que não puderam sair às ruas porque o batalhão de choque e os guardas do estabelecimento fecharam as portas da universidade.




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