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Indústria da região contrata 900 pessoas
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/04/2011 | 07:30
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O emprego nas indústrias do Grande ABC atingiu, em março, saldo de 900 postos de trabalho. O volume é 0,37% maior do que o gerado em fevereiro. O desempenho, que embora seja positivo e sinaliza ritmo moderado de crescimento no emprego, foi puxado principalmente pelos setores de máquinas e equipamentos (com alta de 2,09%) e veículos automotores e autopeças (1,44%).

O resultado só não foi melhor por conta das demissões geradas nos segmentos de produtos químicos (recuo de 1,56%), itens de borracha e plástico (-1,12%) e produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (-0,76%).

Isso é o que aponta pesquisa mensal do emprego na indústria realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em parceira com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Para se ter ideia da situação na região, em março de 2010 haviam sido empregados 2.000 trabalhadores a mais do que em fevereiro, aumento de 0,78%, quase o dobro do saldo no mesmo período deste ano.

À época, a situação era beneficiada pela economia em franco crescimento, atendendo a uma demanda que ficou reprimida com a crise internacional, e com a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que acabou antecipando compras, o que elevou a produção e, consequentemente, a demanda por mão de obra.

No ano, as vagas acumuladas mostram alta de 1,27% frente ao mesmo período do ano passado, acréscimo de 3.100 oportunidades.

Apesar desse cenário de expansão mais tímida, as indústrias de São Bernardo se destacaram em março, empregando 1.300 pessoas, influenciadas pelo desempenho de veículos automotores e autopeças (alta de 1,68%), produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (0,17%) e metalurgia (0,07%).

No mês passado, o volume de carros comercializados subiu 11,7% em relação a fevereiro, apontam dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Na outra ponta aparecem as cidades de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Juntas, elas somaram saldo negativo de 1.400 vagas.

O mau desempenho foi capitaneado pelo fechamento de uma empresa de médio porte do setor têxtil em Santo André. A companhia, que já vinha demitindo há alguns meses, passou de 400 para 100 funcionários e, por fim, encerrou suas atividades.

Na avaliação do diretor da regional do Ciesp de Santo André (que engloba as quatro cidades), Shotoku Yamamoto, a economia já está começando a desaquecer com a limitação do crédito e o aumento dos juros, sem contar o real valorizado. "Até os trabalhadores já estão percebendo que o câmbio está atrapalhando o emprego, por conta da enxurrada de itens importados e das dificuldades para exportar", diz. "Por isso vou me reunir com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá para mensurarmos esses impactos."

No Estado, foi gerado saldo de 16,5 mil vagas

A indústria paulista gerou 16,5 mil empregos em março, alta de 0,65% sobre fevereiro, mas não vem atuando com o mesmo ímpeto de anos anteriores.

Esse efeito aparece quando se considera o dado livre de efeitos sazonais, que indicou queda de 0,19% no mês.

As atividades ligadas à produção de açúcar e álcool foram responsáveis pela maior parte dos empregos gerados, no Estado, em março - 9.600 do total.

Na avaliação de Paulo Francini, diretor de economia da Fiesp e do Ciesp, o emprego no setor de transformação já não mostra o desempenho com "o brilhantismo" de outros anos, o que já havia sido alertado pelo Sensor Fiesp. A última apuração do indicador, em março, que mede a expectativa do empresariado no mês corrente, mostrava pontuação abaixo do que é considerado o ponto neutro (47 pontos).

"Não é nenhuma tragédia, mas nem euforia. O fato é que o emprego está mais aquietado, andando de lado assim como a indústria de transformação", definiu. A indústria paulista criou 50,5 mil vagas no ano, 2% sobre o mesmo período de 2010.

Segundo Francini, o cenário é instável porque as situações adversas continuam presentes, principalmente a agressividade da taxa de câmbio (atualmente o dólar opera abaixo de R$ 1,60). Para ele, esse fator dificulta a manutenção da estrutura industrial, que "vai se esburacando". "O setor está um tanto acuado pela produção importada. E não temos à vista grandes mudanças que possam alterar essa condição no curto prazo."

Entre as diretorias regionais do Ciesp, 23 computaram alta no quadro de funcionários em março. As três regiões que registraram as maiores baixas foram Santo André (-2,30%), Diadema (-0,66%) e Mogi das Cruzes (-0,59%).




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