Economia Titulo Cenário
Primeiro dia sem sacola é calmo;
fabricantes contabilizam perdas

Empresas da região que produzem plásticos perdem
clientes, reduzem produção e demitem funcionários

Alexandre Melo
Erica Martin
05/04/2012 | 07:40
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O primeiro dia sem sacolinhas nos supermercados do Grande ABC foi bem recebido pelos consumidores. Mas para os empresários que fabricam os plásticos, os problemas se intensificaram. Queda expressiva das encomendas, demissão de funcionários e a perda de clientes são algumas das consequências já enfrentadas por empresas.

Em janeiro a ABC Indústria e Comércio de Embalagens, de São Bernardo, produzia 40 toneladas de sacolas por mês, mas em março caiu para 13 toneladas. O recuo de 67% acarretou a demissão de 14 dos 34 funcionários. "A queda do uso das sacolas é percebida há dois anos, mas o cenário está pior", diz o sócio Airo Campera. Hoje a firma sobrevive da fabricação de embalagens de papel.

Por enquanto, só os supermercados vão deixar de fornecer as sacolas, mas outras áreas do varejo já estão se mobilizando. A D1000 Embalagens Plásticas Sustentáveis, de Diadema, não fornece o plástico para o setor, apenas para estabelecimentos de outras áreas, como lojas de roupas. Mesmo assim o volume de vendas de sacolas caiu 20% desde que o acordo foi firmado, em janeiro. Nos últimos 60 dias quatro funcionários foram demitidos e a empresa perdeu seis clientes, que trocaram o plástico pelo papel. "A cadeia inteira desacelerou com receio de que a distribuição das sacolinhas também acabe em outros comércios e a compra delas se torne desnecessária", analisou o gerente Carlos Alberto Machado.

NEM TODOS - Como a decisão de acabar com as sacolinhas é apenas um acordo e não uma lei, alguns supermercados optaram por manter a distribuição. Entre eles estão: Primavera, Fenícia, Mix e Nagumo, todos em Santo André. Neste último não havia sacolinha disponível na tarde de ontem. Mas o subgerente Cesar Marlon disse que em razão da pouca demanda, os fornecedores do plástico diminuíram a produção, o que afetou o abastecimento.

Por outro lado, na loja do Joanin, em São Bernardo, sobram sacolinhas. "Mesmo assim não vamos mais distribuí-las. As que sobraram vão para o depósito ainda sem destino certo", revelou o gerente Sidnei Oliveira.

 

Sem plástico, cliente leva cesta para casa

Na maior supermercadista do Grande ABC, a Coop (Cooperativa de Consumo), os clientes usaram 50% menos sacos plásticos durante o período de 60 dias de adaptação do acordo que baniu as embalagens dos estabelecimentos no Estado. Eram distribuídas 10 milhões de unidades por mês nas 29 lojas.

NA PRÁTICA - Diante da ausência da embalagem para acomodar a compra, os consumidores de uma rede de supermercados estão levando as cestas usadas dentro das lojas para casa. Em 15 dias, 70 delas sumiram e sobraram apenas 12. Para não causar transtornos aos clientes, a varejista encomendou ao fornecedor mais 150 unidades do produto. Um funcionário disse à equipe do Diário que o próximo passo será instalar alarme nas cestas que detecte a saída delas da unidade.

 

Feirantes também devem banir uso de embalagem

As sacolinhas também devem sair de cena das feiras livres da região, mas a medida não tem data certa para começar. De acordo com o presidente do Sindicato dos Feirantes do Grande ABC, Odair Roberto Loureiro, ainda não houve reunião formal com órgãos do governo e associações para debater o assunto. "Mas os consumidores devem se adequar à nova realidade dos supermercados em até um ano e é quando a distribuição dos sacos nas feiras deve acabar também".

Donos de barracas localizadas em Santo André ainda não foram informados sobre a possível mudança. Mas eles acreditam que a medida não poderá ser ampliada em razão dos velhos hábitos dos clientes. "Muita gente vem com carrinhos para feira, mas continua usando a sacola para embalar os produtos e depois guardá-los. Portanto, acho difícil baní-las", conta a proprietária de uma barraca Sonia Nagamine,

Para Loureiro será necessário encontrar alternativas baratas - e menos prejudiciais ao meio ambiente - sem que o consumidor precise comprar o recipiente ou o comerciante repassar o preço das novas sacolas para as mercadorias. "Hoje a feira é um comércio de passagem para o consumidor e o feirante tem de oferecer algo para ele carregar as compras", comentou o presidente.




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