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Periferias são alternativa às feiras
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
19/08/2006 | 22:20
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Longe dos bairros de classe média do Grande ABC – áreas que já são disputadas por hipermercados e sacolões –, é nas periferias que as feiras livres buscam ampliar espaço no mercado. No grito, literalmente, conquistam novos clientes diante do acirramento da concorrência e exploram o potencial de consumo de comunidades de baixa renda onde moram mais de 15 mil famílias.

São esses os casos dos bairros andreenses Cata Preta, Jardim Santo André e Parque João Ramalho. Às terças, quintas e sextas-feiras, respectivamente, entre 35 e 60 barracas começam a ser montadas assim que a tarde chega ao fim. “Todas estas feiras são noturnas de propósito. A maioria da população de bairros distantes levanta muito cedo para ir ao trabalho. Por isso, quando o dia dá lugar à noite, nós começamos a trabalhar”, argumenta o presidente do Sindicato dos Feirantes da região (não inclui São Caetano), Odair Roberto Loureiro.

E se feiras noturnas são sinônimo de bons negócios para comerciantes, é motivo de alegria para moradores. Além de ter a chance de comprar frutas e legumes na porta de casa, pagam menos que os preços praticados em outras feiras da cidade.

“A gente cobra um valor diferenciado, mais em conta que nas outras feiras diurnas. Assim, vendemos mais. Ganhamos na quantidade. Afinal, o grau de fidelidade dos nossos clientes é alto. Muitos deixaram de comprar em supermercados para esperar a chegada da feira”, diz a feirante Ana Carolina Agassi da Silva. “Depois que tomamos essa decisão, nossas vendas cresceram mais de 40%.”

Reivindicação – As feiras livres na periferia surgiram de reivindicação dos próprias comunidades distantes das regiões centrais das cidades. Segundo Paulo Roberto Campello, morador do Jardim Santo André e coordenados da feira do bairro, os feirantes da região decidiram ir até o local depois que um abaixo-assinado com mais de 5 mil vistos foi encaminhado ao sindicato da categoria.

“Havia grande interesse tanto dos moradores quanto dos feirantes. A parceria rende bons resultados para dos dois lados: um compra barato na porta de casa e outro vende bem e vence a concorrência com os supermercados”, diz Campello, que diz comprovar o sucesso da feira no horário de funcionamento. “O horário padrão é do fim da tarde até às 10 da noite. Mas dificilmente os feirantes vão embora antes das onze.”

Apesar de lutar contra o avanço de redes varejistas, as feiras de rua estão longe de enfraquecer. Prova disso é o número de cadastros: 2,6 mil, que faturam em média R$ 1,2 mil mensalmente. Na região, segundo estimativa do sindicato, 100 mil pessoas são clientes fiéis.

Santo André é a cidade que lidera o ranking das cidades com maior número de feiras e feirantes. São 1,1 mil profissionais espalhados por 10 feiras diárias, que reúnem de 15 a 100 barracas. Em seguida, aparecem Diadema (600 profissionais e cinco feiras), São Bernardo e Mauá (450 por cidade em quatro feiras por município. Ribeirão Pires possui cerca de 100 feirantes em quatro feiras. Rio Grande da Serra recebe feirantes de outras cidades.



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