O senador Saturnino Braga disse nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, que podem haver mais indícios contra o ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes. Saturnino e o relator da CPI dos bancos, Joao Alberto, tiveram acesso a uma série de documentos, entre os quais estava uma folha com dados contábeis da empresa de consultoria Macrométrica com a seguinte inscriçao: "para o professor Francisco".

O documento foi encontrado na casa de Lopes e é datado de 1998, época em que Lopes ocupava a diretoria de Política Monetária do BC e nao poderia ter ligaçoes com empresas privadas. Lopes foi um dos sócios-fundadores da Macrométrica, mas afastou-se oficialmente da empresa ao entrar para o Banco Central, em 1995.

O senador Saturnino Braga (PSB-RJ) disse ainda que os documentos encontrados na residência do ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, comprovam seu relacionamento com a Macrométrica. ``Há envelopes da Macrométrica para o professor Francisco Lopes'. Segundo ele, esses documentos referiam-se a informaçoes contábeis da consultoria relativas a 1998. ``É uma remessa de informaçoes da empresa que normalmente nao se fornece', disse, ressaltando que o fato revela que Lopes ainda estaria ligado à Macrométrica no ano passado.

O relator da CPI dos bancos, senador Joao Alberto de Souza (PMDB-MA), disse que cerca de dez pessoas estao trabalhando na abertura dos documentos obtidos nas residências de Lopes e também do ex-proprietário do banco Marka, Salvatore Cacciola, num trabalho que poderá se prolongar até esta sexta. Segundo ele, essas cópias serao entregues à CPI dos bancos, em Brasília, e somente após a análise dos senadores serao abertas à imprensa.

O relator da CPI informou, ainda, que já solicitou à juíza da Sexta Vara Federal do Rio, Ana Paula Vieira de Carvalho, a abertura de cinco envelopes postados encontrados nas residências do ex-presidente do BC e do ex-dono do banco Marka. A expectativa é de que o conteúdo dos envelopes seja conhecido até esta sexta. ``Segundo minha opiniao e do senador Saturnino, os documentos sao muito sérios. Têm conteúdo muito importantes', disse, ressaltando que ainda nao é possível acusar ninguém até que o material seja periciado. Ele afirmou, no entanto, que os papéis indicam a existência de envolvimento generalizado das pessoas com as empresas já citadas pela imprensa.