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Filme teria influenciado estudante na hora do crime
Marta Vargas
Do Diário OnLine
04/11/1999 | 15:40
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O filme "Clube da Luta", que estava sendo exibido na sala 5 do cinema do Shopping Morumbi no momento do tiroteio da noite de quarta (03), teria influenciado o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, autor dos tiros que mataram duas pessoas e feriram seis. A informaçao foi dada pelo psiquiatra José Cássio Pitta, nesta quinta-feira. O próprio universitário teria falado a Pitta que ficou impressionado com o longa-metragem protagonizado por Brad Pitt e Edward Norton.

"Ele disse que o que ele fez tem relaçao com o filme", afirmou Pitta.

O psiquiatra disse ainda que Meira já estava lembrando, na manha desta quinta, da maior parte da coisas que fez e que estaria "impactado".

Segundo Pitta, o seu cliente esteve internado em uma clínica entre 11 e 20 de outubro, por apresentar alteraçao de comportamento. O estudante teve problemas no desenvolvimento psíquico de sua personalidade e vinha enfrentando problemas com a família, mas até a noite de quarta (03) nao havia apresentado comportamento agressivo ou violento. Para ele, Mateus deveria estar sob o efeito de cocaína quando cometeu o crime.

A relaçao entre a temática do filme e o crime da noite de quarta foi reforçada por uma declaraçao do delgado da Seccional Sul, Olavo Francisco. Ele disse que Mateus teria escolhido uma sessao de "Clube da Luta" porque o filme tem um personagem esquizofrênico. Mas para Francisco, a declaraçao nao pode ser considerada como prova conclusiva.

"Geralmente, quem se diz esquizofrênico nao é", disse.

A psicóloga Patrícia Belodi, que atendeu Meira no serviço psicopedagógico da Santa Casa, depois que ele se negou a fazer plantoes no Hospital Escola, disse que o paciente tinha dificuldades para se relacionar com as outras pessoas e que até contou que foi expulso de várias republicas, por nao ter se adaptado.

Segundo as conclusoes de Patrícia, o estudante mantinha contato superficial com as pessoas e era pouco afetivo. Para ela, o comportamento dele se encaixa com o que ele fez na noite de quarta (03) "O crime de ontem é compatível ao seu perfil", disse.

Meira também demonstrava falta de remorso quando cometia algo que os outros julgavam como incorreto, de acordo com Patrícia. Ela exemplificou com o fato de Meira ter se negado a fazer plantoes. Alegando que era suficientemente competente e que nao precisava prestar esse tipo de serviço, Meira assumiu uma postura desafiadora perante às autoridades da Santa Casa.

O diretor da Santa Casa, Ernani Geraldo Rolim, confirmou a resistência do estudante em relaçao à obrigatoriedade de se fazer plantoes, mas assegurou que Meira era um aluno regular e cumpridor de seus deveres. O professor valdir Golin, diretor clínico do Setor de Emergência Médica, confirmou que ele era, realmente, um bom aluno.

O funcionário público José Francisco dos Santos, vizinho de Mateus da Costa Meira, afirmou que ele tinha um comportamento muito reservado.

"Ele nao cumprimentava ninguém. No entanto, nao causou qualquer problema", garantiu.

Antonio Gouveia, porteiro do prédio onde Meira morava, o edifício Rio Verde, em Santa Cecília, disse que ele nunca deu problemas no prédio, mas que nao falava com ninguém. O estudante costumava ir para o prédio na hora do almoço e nunca cumprimentava o porteiro.

A aparente calma do estudante nao foi confirmada por sua família, que mora no bairro do Chame-Chame, de classe-média, da capital baiana. Parentes e vizinhos confirmaram que o rapaz tinha problemas psicológicos e estava sendo tratado por um psiquiatra desde outubro. Meira foi descrito como um bom aluno, mas nervoso.

O pai do estudante, Deolindo Vanderlei Meira, visitava o filho em Sao Paulo regularmente, demonstrando preocupaçao com o estado do filho, que morava sozinho em Sao Paulo, perto da Santa Casa de Misericórdia onde fazia residência médica.

Com informaçoes da Agência Estado e rádios Jovem Pan AM e CBN.




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