É exatamente ao jeito sem papas na língua que João atribui a boa repercussão do programa, assim como a grande quantidade de fãs que contabiliza entre as senhoras e as crianças. “Não estou preocupado em mostrar que sou inteligente, como outros entrevistadores. Quero mais é zoar os caras que vêm aqui”, explica. A vontade é cumprida a cada programa, seja qual for a profissão, o papel e o perfil do entrevistado. O apresentador não moderou o estilo nem mesmo diante do padre Marcelo Rossi, que ele aponta como o mais inusitado convidado de 2003. O padre teve de encarar, por exemplo, perguntas do tipo: “Você acorda excitado?”. Mas tudo isso, lógico, no escrachado linguajar característico de João, que gostou do resultado. “Ele usou um ‘rebolado católico’ para fugir de algumas perguntas, mas respondeu outras. Ficou legal”, diz.
Outro bom momento de 2003 foi a participação no reality show Família MTV. Seu episódio garantiu marcas de 3 pontos no Ibope, índices só atingidos pela MTV durante o VMB, a badalada premiação dos melhores videoclipes do ano. A emissora musical ficou tão satisfeita com o resultado que convidou a mulher de João, Viviana, para dividir com ele o comando do Gordo à Bolonhesa, parte da programação de verão. No programa, que estréia no próximo dia 8, João Gordo e Viviana vão pilotar o fogão no preparo de “gororobas estranhas”, enquanto ele entrevista um convidado. A idéia do programa foi do próprio apresentador, que assistiu a algo parecido durante uma viagem ao Arizona. A intimidade com a cozinha não é tão grande, mas João garante que prepara “alguns rangos”. Coisa que, para o programa, nem tem tanta importância assim. “Não é uma receita que vamos ensinar ao público. É só uma encheção de lingüiça enquanto converso com os caras”, define, sem meias-palavras.
O apresentador também não mede o vocabulário ao comentar o nome escolhido para o programa. Segundo ele, “uma porcaria”. Sua primeira opção era Gororoba, mas o nome já estava registrado. Gordo à Bolonhesa foi uma idéia da emissora, prontamente reprovada por ele, que, no entanto, não perde tempo com isso. O mais interessante tem sido a experiência de dividir o trabalho com a mulher. “É maravilhoso, para ela e para mim. Já vimos o piloto e ficou bem interessante”, diz. Além do piloto, já foi gravado um programa com Zezé di Camargo e Luciano. Na avaliação de João, a reunião em torno da mesa e do fogão ajuda a deixar os convidados mais à vontade. E aumenta, é claro, a possibilidade de que o papo descambe para as mais inusitadas bobagens. “O legal é isso: um cara gordo, nojentão, fazendo umas coisas esquisitas e falando uma porção de besteiras”, afirma.
Para 2004, João garante não saber o que a MTV reserva a ele. Mas, com a banda punk Ratos do Porão, da qual é vocalista, os planos incluem a preparação de um show em comemoração aos 25 anos de atividade, completados daqui a dois anos. E o apresentador pretende continuar conciliando a TV e a música. “É um paradoxo: ganho prêmios como apresentador e minha banda é a mais ferrada da América Latina”, diz João, premiado também como melhor entrevistador pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.
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