O contrato autoriza a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a efetuar vistorias de surpresa e exaustivas de todas suas instalações nucleares.

Instaurado em 1997 pela AIEA, o protocolo adicional constitui a principal ferramenta internacional de controle nuclear.

Em virtude deste protocolo, a AIEA será autorizada a inspecionar, com um aviso prévio de apenas duas horas, as instalações ativas iranianas, mas também locais onde não tinha acesso, como reatores desativados, centros de pesquisa, ou usinas que fabricam produtos que podem ser utilizados num programa nuclear.

A AIEA poderá agora inspecionar todas as instalações nucleares iranianas, e recolher amostras de água, de terra e de ar para detectar eventuais atividades atômicas clandestinas.

"O protocolo é uma ferramenta importante para manter a confiança da comunidade internacional, e para garantir que o programa nuclear do Irã é totalmente pacífico", declarou ElBaradei, durante uma cerimônia onde prevaleceu um ambiente cordial.

"É um momento histórico. Espero que agora meu país não seja nunca mais submetido a acusações desonestas e políticas", frisou Salehi.

Os Estados Unidos e a França afirmaram várias vezes suas suspeitas de que o Irã esteja desenvolvendo a arma atômica por trás de seu programa nuclear civil.

Washington avisou na quarta-feira que a assinatura pelo Irã do protocolo adicional não é suficiente para acalmar suas preocupações. "Para convencer totalmente, Teerã deverá respeitar todos os termos do protocolo, e conceder à AIEA todos os acessos necessários à suas inspeções", afirmou o porta-voz do departamento de Estado americano, Richard Boucher.

Após meses de resistência, o Irã finalmente respondeu positivamente a um dos pedidos mais urgentes da comunidade internacional, apesar de ter declarado que a ratificação do protocolo poderá demorar meses.

Teerã resistiu a assinar o protocolo depois das humilhantes inspeções impostas ao Iraque nos anos 90, das quais participaram agentes secretos israelenses e americanos.

O Irã também temia que as inspeções da AIEA afetassem sua soberania nacional, e revelassem atividades de sítios militares secretos não ligadas ao programa nuclear, mas indispensáveis à defesa da República Islâmica.

ElBaradei deve apresentar no próximo mês de fevereiro um novo informe sobre o programa nuclear iraniano. A AIEA destacou que recorrerá a "todas as opções possíveis" se seus inspetores descobrirem falhas ou irregularidades.