Os condenados que fazem parte do PCC foram os primeiros a entrar no túnel e a deixar o presídio. São assaltantes de bancos, traficantes, ladrões de cargas e de edifícios de luxo, com condenações que variam de 20 a 120 anos de prisão.

Um dos recapturados contou aos agentes penitenciários que o túnel foi aberto por um grupo de 14 pessoas contratadas por traficantes das zonas Sul e Leste da capital. Os pedreiros Ailton Alves Vieira e Manoel de Almeida foram presos sob suspeita de participação na obra. Os 14 funcionários receberiam R$ 500 por semana do PCC para trabalhar na escavação.

Os pedreiros passaram a cavar usando um mapa com indicações da galeria de águas pluviais do complexo penitenciário. Os trabalhos começaram há mais de um mês.

O túnel tinha iluminação e ventilação. O grupo que financiou a fuga alugou uma casa na rua Jovita, em frente do portão principal da penitenciária. Na casa foram encontradas pela polícia baterias usadas para fornecer energia à passagem subterrânea, que tinha 120 metros de comprimento e 50 centímetros de diâmetro.

O túnel saía numa oficina da prisão que, segundo a direção da penitenciária, estava desativada. Um buraco foi aberto no piso para que os 87 presos dos três pavilhões pudessem fugir. Duas portas trancadas com cadeados tiveram de ser arrombadas nessa oficina, supostamente sem que ninguém tivesse percebido.

A direção da penitenciária suspeita que funcionários tenham acobertado a fuga. Ouvidos pelas autoridades, os agentes penitenciários alegaram não ter visto nenhuma movimentação estranha nas últimas semanas nem no domingo, apesar do grande número de envolvidos na ação.

A Corregedoria da Secretaria da Administração Penitenciária quer saber se o túnel também foi aberto de dentro para fora. Um condenado recapturado teria confessado sua participação na escavação e informado que a terra retirada do túnel foi jogada no sistema de esgoto.