O quarteto carioca, que se completa com o vocalista Toni Garrido, o baixista Bino e o baterista Lazao, mostrará show baseado em Quanto mais curtido melhor, mais recente CD lançado pelo grupo. "Este show foi montado para a nossa turnê pela Europa, iniciada em setembro. Trabalhamos umas sete músicas do novo disco e os sucessos dos anteriores", explica.  

A essência é essa, mas Da Gama nao sabe dizer com exatidao quais músicas serao tocadas em Santo André. "Certamente, nao faltarao os grandes hits, como Onde você mora?, O Erê e Já foi, mas o roteiro depende do clima. Quando o público é animado, a gente parte para improvisaçoes, e aí pode surgir muita coisa, inclusive músicas de terceiros, como do Gil e dos Paralamas", diz.

Trajetória - O Cidade Negra lançou seu primeiro CD, Lute para viver, em 1991. Seguindo o discurso pró-consciência social, gravou, no ano seguinte, Negro poder, disco que nao obteve muito êxito. Porém, em 1995, o grupo de reggae que surgiu na Baixada Fluminense começou a trilhar um caminho mais pop - e mais rentável - com Sobre todas as coisas. O mesmo se repetiu em O Erê, de 1996, e ficou mais intenso em Quanto mais curtido melhor, que traz até mesmo a pop Sábado à noite, de Lulu Santos.  

A partir daí, o Cidade Negra teve de aprender a conviver com acusaçoes de que teria se rendido ao mercado. "Na verdade, as pessoas fazem uma grande confusao. O Cidade aconteceu como uma banda radical, mas é preciso ver que atualmente a nossa maneira de fazer poesia e de ver o mundo é outra. Nós mudamos, hoje temos família e vivemos uma outra realidade, mas nunca deixamos de lado as críticas sociais", contesta Da Gama.  

Nas composiçoes, as contestaçoes estao cada vez mais difíceis de visualizar, mas, na prática, o grupo mantém um projeto social batizado de Uniao Cultural e Esportiva da Baixada em Alta. "Ele funciona em uma casa modesta na Baixada Fluminense, onde damos palestras e cursos de música para crianças carentes, oferecendo facilidades que nao tivemos. Todas as pessoas devem se envolver com arte e cultura", diz o guitarrista.  

Também na favela, mas fictícia, está Toni Garrido, que estreou como ator em Orfeu, de Cacá Diegues, filme em cartaz em 150 salas de todo o país. Na opiniao de Da Gama, a vida de ator do vocalista nao atrapalhou em nenhum momento a rotina da banda. "Pelo contrário, naturalmente isso coloca o Cidade Negra em maior destaque e abre novos caminhos", explica o guitarrista, referindo-se a um convite que teria recebido para participar de um longa-metragem. "Mas por enquanto isso é segredo", completa.