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Assessor usa celular da Câmara para divulgar show
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
04/04/2012 | 07:12
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Reprodução


Osmailton Caldeira, assessor parlamentar do vereador Wagner Feitoza, o Vaguinho (PSB), utiliza o telefone celular pago pela Câmara de Diadema como contato da casa de shows O Tambor. O espaço, localizado no Jardim Canhema, periferia da cidade, era para abrigar um Ponto de Cultura, projeto com recurso do governo federal de fomento a atividades culturais em áreas carentes.

O número do celular pertencente ao gabinete de Vaguinho tem sido estampado nos folhetos promocionais da casa desde novembro, quando O Tambor foi inaugurado. O número, inclusive, é o único que está presente no material distribuído para o show de sexta-feira, do cantor Reinaldo, o Príncipe do Pagode, ao lado do endereço do local.

Os gastos com celular são um dos mais altos de despesa com serviços de terceiro do Legislativo. Em dezembro de 2011, último dado divulgado pela Casa no portal da transparência, a Câmara pagou R$ 31.663,13 para a operadora que administra os telefones do Parlamento. Não há informações destrinchadas por cada gabinete.

Osmailton Caldeira, conhecido como Patão, alegou erro na confecção do material. Disse que pediu para tirar o telefone celular do panfleto e colocar somente os números da casa de espetáculo. "No próximo flyer o número será do Tambor", assegurou, após visita da equipe do Diário no espaço.

O presidente da Câmara, Laércio Soares (PcdoB), disse não ter conhecimento do fato. "Vou me inteirar da situação antes de me pronunciar a respeito."

Cada vereador tem direito regimental a contar com sete assessores parlamentares, além de benefícios custeados com dinheiro público. São R$ 1.000 de gasolina, R$ 750 com postagens, R$ 750 em telefone (divididos entre fixo e celular) e R$ 1.000 em materiais de consumo.

No último levantamento da quantidade de números de celulares pelas Câmaras do Grande ABC feito pelo Diário, em 2009, o Legislativo de Diadema possuía 126 aparelhos, apesar de ter somente 17 vereadores. O restante era distribuído para assessores e dois secretários comissionados da Casa. O gasto anual ultrapassava R$ 200 mil. O Tribunal de Contas do Estado, aliás, enviou recomendação à Casa na análise da contabilidade legislativa de 2009. Embora tenha aprovado as contas, ressalvou a alta despesa com celulares.

PONTO DE CULTURA

A casa O Tambor era para abrigar um Ponto de Cultura. O projeto, aprovado pela Secretaria de Cultura de Diadema, consistiria em atividades de reciclagem de lixo tecnológico e seria conduzido pela ONG Passo Firme, com atuação no Jardim Canhema. A entidade é presidida por Luciano Feitoza, primo de Patão.

O espaço, apesar de receber R$ 30 mil do governo federal para iniciação das ações, nunca abriu as portas. A Prefeitura alegou que o investimento da União feito no projeto não foi devolvido pelos responsáveis da ONG. Patão nega ter desviado a verba para a construção de O Tambor.

O prefeito Mário Reali (PT) determinou a abertura de processo administrativo para reaver o dinheiro e garantiu que o caso será levado à Justiça.




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