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Mulheres Metalúrgicas ganham mais na região
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
24/03/2010 | 07:18
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As mulheres metalúrgicas de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm remuneração média de R$ 2.300 mensais, 53% a mais do que a média nacional feminina do setor, R$ 1.500, aponta estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Em comparação com a média estadual, a superioridade salarial média é de 30%. Sobre a remuneração média nacional do homem (R$ 2.200), ultrapassa R$ 100. Mas na mesma comparação com os metalúrgicos homens dos quatro município, há inferioridade de R$ 1.100.

De acordo com o presidente do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Sérgio Nobre, essa disparidade acontece pela soma de alguns fatores. A força da categoria nas cidades garante melhores salários, porém as mulheres têm menor participação nas empresas, com 14,1%. "E os homens, normalmente, estão em cargos mais altos", afirmou.

Nobre disse que não há diferenciação entre salários de homens e mulheres que exercem a mesma função nas companhias da região. Porém, afirma que há preconceito. "Alguns empresários acreditam, ainda, que as trabalhadoras não têm o mesmo potencial que os homens."

Ele explica que o levantamento do Dieese, mais alguns pontos como o preconceito e a baixa participação das mulheres em cargos mais bem remunerados, serão pontos base para criar argumentos para futuras reivindicações em prol da categoria.

Amanhã acontecerá a primeira fase de debates para apresentar soluções que fortaleçam a participação das mulheres no meio metalúrgico, durante o 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC.

Essa versão do evento ocorre 32 anos após a primeira, que foi organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava à frente do sindicato na época.

Para a coordenadora do coletivo de gênero do SMABC, Simone Vieira, o congresso será importante para melhorar a participação da mulher no mercado metalúrgico, o que reflete na "melhora da sociedade da região em geral".

QUALIFICAÇÃO
Nobre destaca que 59,4% das trabalhadoras nas quatro cidades, em montadoras, possuem Ensino Superior completo. E apenas 13% completaram uma faculdade nas demais empresas, como do setor de autopeças, eletrônicos e metalurgia.

"É preciso melhorar essas condições. As empresas devem estimular a formação superior das mulheres nas companhias que não são montadoras", avalia o presidente do sindicato.

Conforme o levantamento do Dieese, 62% das funcionárias em montadoras dos quatro municípios estão na área administrativa, 31% na produção e 7% em chefia.

Nas demais empresas, a distribuição é, respectivamente, de 44%, 51% e 4%. E o índice de funcionárias com o Ensino Fundamental incompleto é de 19,3%, que, segundo Nobre, deve ser reduzido com incentivo das empresas.

Subdivisão fomenta melhorias para trabalhadoras

O Coletivo de Gênero do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), subdivisão da entidade criada para estimular as políticas específicas para a mulher, foi criado em 1978, durante o primeiro Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC para defender as funcionárias da região.

Segundo a coordenadora do Coletivo, Simone Vieira, os metalúrgicos sempre apoiaram a iniciativa. "Eles sempre dizem para nós que é interessante defender as trabalhadoras e não apresentam preconceito", afirmou.

O presidente do SMABC, Sérgio Nobre, destaca a importância de trabalhar políticas às mulheres. "É necessário criar vestiários femininos nas fábricas. O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) tem que oferecer mais vagas para as mulheres também."
Simone lembrou que essas profissionais têm dupla jornada, trabalho e cuidar da casa, e isso "afasta um pouco elas do sindicato".




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