Se a campanha por candidatos com ficha limpa mobilizou mais de 1,6 milhão de pessoas, o mesmo não se pode dizer dos candidatos desta eleição. Iniciativa da Abracci (Articulação Brasileira Contra a Corrupção e Impunidade) para dar mais transparência ao financiamento dos políticos não consegue adesões e só dois candidatos da região - entre quase 180 postulantes - participam do projeto.

A proposta, apoiada por dezenas de entidades, foi reunir em um site (www.fichalimpa.org.br) dados sobre os candidatos, como antecedentes criminais, mandatos anteriores e, principalmente, a lista atualizada de doadores de campanha.

Por lei, os candidatos devem prestar contas das receitas e despesas mensalmente - neste ano, a divulgação é nos dias 6 de agosto e de setembro. As informações, porém, são limitadas aos valores, sem especificar quem fez a doação. Esses dados só são obrigatórios no balanço final, entregue dia 2 de novembro para os gastos do primeiro turno, e dia 30 do mesmo mês para as despesas do segundo turno.

Para dar mais transparência ao pleito, contudo, a Abracci elaborou o projeto Ficha Limpa, em que os candidatos precisam atualizar semanalmente a prestação de contas da campanha, inclusive com o nome dos doadores. "O eleitor precisa saber quem financiou e quem vai cobrar ações do candidato se ele for eleito", afirma a secretária-executiva da entidade, Benita Sarue.

Entretanto, o projeto não encontrou adesão entre os políticos. De 22,5 mil candidaturas no País, só 40 se inscreveram até sexta-feira. Na região, apenas o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), e o presidente licenciado da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Ari Barcellos (PSC), ambos disputando vaga na Câmara Federal, se registraram no projeto.

"Acho importante divulgar minha candidatura em um portal em que prevalece a transparência", avalia Vicentinho. Já Barcellos vê chance de se destacar. "A lei e o site Ficha Limpa são escudos e grandes diferenciais para a renovação da política", discorre.