Ou seja, temos retalhos de histórias que se entrecruzam por um bem comum - no caso, o filme de ficção. Palminteri adere ao recurso da negação para chegar à afirmação, de que o Natal é época de conciliação e anistia. Na verdade, trata-se aqui de reafirmar o infinitamente reafirmável, repisar o repisado.
Anjo de Vidro instala-se em ambientes e situações de negação desse espírito de paz. Ora no hospital, onde se encontra a mãe doente da bela divorciada (Susan Sarandon) que repele pretendentes; onde repousa o moribundo que ninguém visita até aparecer um misterioso amigo (Robin Williams); e para onde quer ir o michê (Marcus Thomas) cuja única boa recordação foi um Natal que passou na enfermaria após uma surra do pai.
Ora no campo sentimental e na memória, como no caso da moça (Penelope Cruz) que rompe com o namorado policial (Paul Walker) por conta de seu excessivo ciúme. Este, por sua vez, é interpelado por um velho garçom (Alan Arkin) que acredita estar diante da reencarnação masculina de sua finada mulher. Anjo de Vidro confia demais nas situações insólitas para negligenciar seus desfechos. Parte do incrível rumo ao convencional. Ao fim das contas, sua mensagem de paz entre os povos urbanos torna-se também uma mensagem de covardia criativa.
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