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CPI do Tráfico prende 2 policiais e um empresário em PE
Do Diário do Grande ABC
07/04/2000 | 16:55
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A CPI do Narcotráfico prendeu nesta sexta-feira o delegado de polícia Eduardo Porto, o comissário de polícia Adson Amaral e o empresário Rinaldo Ferraz, acusados de envolvimento com o crime organizado e o narcotráfico em Pernambuco. Apontado como "lavador" de dinheiro do narcotráfico, na compra de títulos de capitalizaçao, o empresário Antonio Barreto Filho, ouvido na madrugada, teve quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal solicitada.

Nos quatro dias de trabalho em Pernambuco, a CPI também pediu a cassaçao do deputado estadual Eudo Magalhaes (PFL) por ter prestado informaçao falsa à CPI e prendeu o irmao do deputado, Marcontio Araújo, dando cumprimento a um mandado de prisao expedido em 1996 por tráfico de drogas. Além das quatro prisoes e um pedido de cassaçao, a CPI solicitou a quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal de 15 pessoas, incluindo outro irmao do deputado Eudo Magalhaes, o ex-deputado estadual Enoelino Magalhaes.

Para o deputado federal Robson Tuma, integrante da CPI, as prisoes "deverao abalar o esquema do crime organizado em Pernambuco". O relator da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE) ressaltou a necessidade da continuidade das investigaçoes através da instalaçao de uma CPI estadual e da criaçao de uma comissao especial, pelo governo do Estado, visando ao combate do narcotráfico.

"Ficou tudo à mostra, há um crime organizado agindo no Estado", afirmou Torgan. "No sertao, onde fica o polígono da maconha, estao os operários desse crime, enquanto os capitalistas do narcotráfico moram aqui, na praia". A CPI encerrou os trabalhos às 5h45 e nesta segunda-feira chega a Sao Paulo.

Prisoes - Denunciado à CPI por envolvimento no narcotráfico e roubo de carga pesada e carro-forte, o delegado Eduardo Porto, irmao do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Carlos Porto, nao conseguiu convencer os deputados da sua inocência no depoimento prestado no início da madrugada. O fato que motivou a sua prisao foi uma viagem feita ao interior da Bahia, em 1998, à frente de uma equipe de sete policiais, supostamente para prender uma quadrilha que havia roubado caminhoes em Petrolina, no sertao.

O grupo nao tinha autorizaçao formal da Secretaria de Segurança Pública nem posse de mandado de prisao, sendo preso pela polícia baiana, que suspeitou da intençao de assalto a carro-forte. Eles foram liberados em seguida e desistido da suposta operaçao.

O presidente da CPI, deputado Magno Malta (PTB-ES), considerou a operaçao "ilegal e inexplicável" e o relator Moroni Torgan insinuou que a viagem teve realmente intençao criminosa. "Se eu fosse seu superior o teria mandado para a prisao", disse. Porto defendeu-se afirmando que a operaçao foi autorizada por telefone, pelo diretor de polícia civil.

O comissário de polícia Adson Amaral trabalha há quatro anos com o delegado Eduardo Porto e participou da viagem à Bahia. Ele é acusado de desmanche de carros e de usar veículos da Secretaria de Segurança Pública para transportar armas e drogas. Um relatório secreto do serviço de inteligência da Polícia Militar de Pernambuco entregue à CPI o chama de "Terror do Sertao". No depoimento, ele disse nada saber sobre tráfico e plantio de maconha, embora tenha trabalhado dois anos na área do polígono.

O empresário Rinaldo Ferraz foi apontado como receptador de maconha e de cargas roubadas e de armar o polígono da maconha. Ele é empresário da noite e dono da casa "Sala de Rebôco", no Recife. Os integrantes da CPI entenderam que a compra de 15 coletes à prova de bala por R$ 18,4 mil, admitida pelo empresário, comprovou a denúncia de promoçao do armamento do polígono em troca de droga, que ele venderia no Sul do país.

Ferraz disse que os coletes eram para sua defesa pessoal, já que seu irmao Rildo Ferraz havia sido morto em conseqüência da rixa entre as famílias Ferraz e Novaes, no município sertanejo de Floresta, que integra o polígono. A CPI nao aceitou a explicaçao. "Quem precisa de 15 coletes para se defender?", indagou Moroni Torgan.

Depois de depor, os três foram convidados a permanecer na Assembléia Legislativa, de onde saíram presos no início da manha. Eles nao quiseram falar sobre a prisao. O empresário Rinaldo Ferraz disse apenas estranhar a atitude da CPI.

O deputado Eudo Magalhaes, cujo pedido de cassaçao já foi encaminhado pela presidência da Assembléia Legislativa à Comissao de Justiça da Casa, nao quis dar entrevista. Ele disse estar seguindo orientaçao do advogado.




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