Setecidades Titulo Repercussão negativa
Estudantes da FSA sentem impactos da crise administrativa

Com salários atrasados, professores e funcionários não escondem descontentamento; alunos temem perda da qualidade de ensino

Por Bia Moço
Especial para o Diário
23/01/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Alunos da FSA (Fundação Santo André) já sentem os impactos da crise enfrentada pelo tradicional centro universitário, que se acentua a cada ano. De acordo com estudantes, a qualidade do ensino já começa deixar a desejar – embora a instituição tenha mantido nota 3 no IGC (Índice Geral de Cursos) do MEC (Ministério da Educação) entre 2015 e 2016. As reclamações envolvem desde a desmotivação de funcionários e professores, tendo em vista os constantes atrasos dos salários, até a queda do número de matrículas – entre 2007 e 2017 houve perda de 7.000 alunos.

Para agravar, a FSA passa por período nebuloso, tendo em vista o processo de investigação em todos os contratos de funcionários, feito com base em denúncias de contratações sem concurso público, embora a legislação não permita. Um dos investigados, inclusive, é o candidato mais votado para o cargo de reitor, o professor doutor titular Francisco José Santos Milreu.

Aluna do 2º ano de Administração, Marcela Vilas Boas Miranda, 18 anos, afirma que o valor que paga pelo curso – em torno de R$ 967 – não corresponde ao serviço que recebe. “Pensei em estudar em outro lugar, mas meu pai não deixou. Como ele se formou na FSA, acha que é uma boa faculdade e que devo esperar mais um pouco para tomar uma decisão como esta.”

Marcela ressalta, entretanto, que os professores são qualificados e que buscam dar o melhor de si, no entanto, reclamam muito dos atrasos de salário e demonstram insatisfação. “A faculdade em si é muito boa, mas falta estrutura. Os professores ficam desmotivados. Ninguém fica feliz trabalhando sem receber, e isso nos abala também.”

Lucas Valentin Cypriano, 18, ingressou, neste ano, no curso de Engenharia da Computação, depois de realizar o Ensino Médio no colégio da FSA. Para ele, os impactos financeiros já têm efeito negativo até mesmo no colégio, já que houve o corte dos plantões de dúvida. “Isso atrapalhou, pois estávamos nos preparando para o vestibular. Vamos ver como vai ficar. Há promessas, de novo, de que a Fundação vai se recuperar. Quando isso vai acontecer é uma incógnita.”

Em relação à investigação de funcionários, Cypriano não tem dúvidas: “Isso (ingressar na instituição de Ensino Superior sem concurso público) está errado, portanto, quem não prestou concurso tem de ser demitido e sair da instituição. Eles (direção) têm de fazer alguma coisa, não podem deixar isso continuar.”

O desequilíbrio econômico e administrativo da FSA é observado há pelo menos três anos. Somente a folha de pagamento de funcionários custa em torno de R$ 3,3 milhões (incluindo quadro de docentes e administrativo) e demanda cerca de 90% do orçamento do centro universitário.

Após greve de 15 dias devido ao atraso de salários, servidores técnico-administrativos da FSA voltaram a trabalhar na sexta-feira. Até então, estudantes estavam com dificuldades para fazer matrículas e obter documentos.

 

Pente-fino em contratos começa hoje

Começa hoje o pente-fino em documentos que podem atestar se a denúncia de que a FSA mantém funcionários sem concurso público procede. A promessa da reitora, Leila Modanez, é analisar todos os 450 contratos de trabalho da instituição de Ensino Superior. Para isso, foi nomeada comissão com seis pessoas. O prazo estipulado por Leila é de 30 dias, mas a determinação é a de que os trabalhos sejam finalizados o quanto antes.

Os candidatos que integram lista tríplice encaminhada ao prefeito Paulo Serra (PSDB) no dia 29 de novembro para a escolha do reitor também estão entre os investigados: além de Francisco José Santos Milreu, Andrea Dias Quintao e Edvaldo Luis Rossini, o Didi, que posteriormente solicitou a retirada de seu nome.

Após a averiguação, a reitora diz que será aberta sindicância para cada funcionário que estiver em situação irregular.

Conforme o Diário informou na semana passada, investigação preliminar apontou 126 profissionais com documentação insuficiente para comprovar o modo de contratação. Um deles é o professor Francisco José Santos Milreu.

A Constituição de 1988 obriga que fundações contratem seus funcionários por meio de concurso público. A exceção, por prazo determinado, vale por um ano, prorrogável por mais um.




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