Economia Titulo Balanço
Vendas de carros zero-quilômetro
têm aumento de 20,5% em março

Melhora reflete dias úteis a menos em fevereiro; promoções
e feirões de fábrica cooperaram para dar impulso ao resultado

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/04/2012 | 07:07
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As vendas de automóveis e comerciais leves novos no País reagiram em março, com crescimento de 20,5% em relação ao volume comercializado no mês anterior, de acordo com dados de fontes do segmento.

A melhora, no entanto, reflete em boa parte a base fraca de comparação, já que fevereiro teve apenas 19 dias úteis (frente a 22 do mês passado) e contou com a semana do Carnaval para ajudar a desviar a atenção dos consumidores.

Além disso, gerentes de concessionárias do Grande ABC destacam que promoções e feirões de fábrica contribuíram para dar impulso aos resultados das lojas. Isso não impediu que, na comparação do primeiro trimestre frente a igual período de 2011, a comercialização de carros zero-quilômetro tivesse queda de 0,6%.

RESTRIÇÕES - Apesar da melhora do desempenho no mês, o tom geral nas revendas autorizadas da região era de preocupação em relação às dificuldades de aprovação de fichas cadastrais dos clientes para financiamento junto aos bancos, por causa do crescimento da inadimplência, que estava em 2,5% no segmento em 2010 e chegou agora a 5,5%.

A gerente Edneia Vedovatto, de loja Volkswagen em São Bernardo, assinala que houve bom desempenho nas vendas no mês passado frente a fevereiro, mas ela destaca que março, normalmente, é melhor, por ter mais dias úteis. "E tivemos ações (promocionais) da fábrica. Não tivemos crescimento maior porque está difícil a aprovação pelos bancos", observa.

"Vender a gente vende, o difícil é faturar (ou seja, efetivar o negócio)", destaca Jean Giraldi, gerente de loja da marca Fiat em Santo André.

Os lojistas citam que as instituições financeiras, desde o fim do ano passado, estão ainda mais rigorosas. "Antes olhavam se tinha nome limpo, se a renda era três vezes o valor da prestação; agora, se a pessoa tiver carnê (crediário no comércio em outro segmento), o banco consegue visualizar e o coloca como alto risco", acrescenta Giraldi.

Outro lojista, Cristian Bittner, de revenda autorizada Chevrolet em Santo André, observa, por sua vez, que houve crescimento de um mês para o outro, mas o volume comercializado agora é 50% menor frente ao de março de 2011. "Hoje, se a pessoa não tiver pelo menos 30% de entrada, os bancos dificultam bastante".

 

No trimestre, a primeira queda desde 2003

As vendas do setor no primeiro trimestre tiveram o primeiro declínio, mesmo que modesto, desde 2003. Ao todo, foram licenciados 818,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a março, 0,8% menos que no mesmo período de 2011.

Com esse resultado, que interrompe oito anos seguidos de crescimento de vendas no primeiro trimestre, montadoras e revendedores esperam que o governo federal vá além de medidas de incentivo à produção industrial no anúncio que fará hoje, e adote também ações para a retomada do consumo.

Represantantes do setor veem o cenário como preocupante, sobretudo por causa do aumento da restrição ao financiamento, devido aos atrasos nos pagamentos, por parte dos consumidores. "A inadimplência preocupa, embora a procura continue. Existe trânsito nas lojas", ressalta o presidente do Sincodiv (Sindicato das Concessionárias de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo. (com AE)




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