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Delphi desvenda o carro do futuro
Helder Lima
Enviado a Detroit
02/07/2002 | 18:31
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A evolução que o automóvel experimentará daqui a cinco ou dez anos é algo sem precedentes na história da mobilidade. Graças ao desenvolvimento da microeletrônica e da convergência de tecnologia, bem como da pesquisa avançada em termos de propulsão, os carros deixarão de ser meras plataformas mecânicas para concentrarem soluções revolucionárias em sistemas de gerenciamento, segurança ativa e passiva, entretenimento e um espectro infinito de informação.

Esses sistemas transformarão os veículos em algo bastante além do que se conhece atualmente, embora o motor de combustão interna prometa manter ainda por anos a fio o seu reinado.

Boa parte dessas soluções foi apresentada à imprensa mundial na semana passada pela Delphi, empresa de sistemas automotivos com sede mundial em Detroit e filial em São Caetano, que pesquisa as próximas gerações de automóveis que estarão na garagem do consumidor.

Entre os destaques da futura sofisticação tecnológica do automóvel, estão os sistemas de células de combustível, suspensões inteligentes, aprimorados recursos de controle de tração, monitoramento da visão do motorista, sistemas de informação sem fio e ainda sistemas de diagnóstico eletrônico, que poderão se tornar as principais ferramentas de trabalho dos mecânicos.

Energia – A célula de combustível, tecnologia que consiste basicamente na eletrólise do hidrogênio para geração de energia elétrica, ainda é uma grande incógnita na indústria automobilística, uma vez que não se sabe até agora se suas aplicações permitirão aposentar o motor a explosão. Mas nos laboratórios da Delphi esse sistema conta com uma destinação específica, que prevê a substituição dos alternadores nos propulsores de combustão interna.

Aos olhos do consumidor, segundo a bola de cristal científica da Delphi, a célula de combustível terá a grande vantagem de gerar energia para a bateria mesmo quando o carro está com o motor desligado. Esse ganho de eficiência ocorre porque o sistema, chamado SOFC (Solid Oxid Fuel Cell), é alimentado pelo próprio tanque de gasolina, a qual passa por um reformador para a extração do hidrogênio. Assim, basta existir gasolina no tanque para que a energia seja gerada e mantida nos níveis necessários.

A oxidação da gasolina ou do diesel, processo que garante a produção do gás enriquecido com hidrogênio, ocorre no reformador a uma temperatura de 800º C. Em seguida, esse gás reage com o oxigênio, processo que gera eletricidade, água e dióxido de carbono. De acordo com o atual estágio de desenvolvimento tecnológico – na Delphi o SOFC encontra-se em sua segunda geração –, o sistema tem uma eficiência da ordem de 45%. Durante as reações existe uma perda de calor que pode ser reciclada para uso complementar na climatização do habitáculo do veículo.

O custo e a robustez da célula de combustível são as duas principais variáveis que por hora desafiam a viabilidade mercadológica dessa tecnologia. A Delphi acredita que esse sistema será fundamental para dar suporte ao desenvolvimento de recursos eletrônicos no automóvel, que aumentarão a demanda por energia.

Segurança – Uma das preciosidades tecnológicas em desenvolvimento na Delphi é um sistema de monitoramento da visão do motorista. Batizado de Stereo Vision Eye Tracking System (em inglês, ‘sistema estéreo de vigilância visual’), esse recurso trabalha com referência em parâmetros pré-estabelecidos para avaliar as condições de atenção do condutor. São monitoradas a freqüência com que o motorista pisca os olhos, o tempo com o qual ele desvia a visão dentro do automóvel para realizar uma determinada tarefa, como por exemplo mexer no rádio, entre outras características inerentes ao comportamento dos olhos. O objetivo é detectar prováveis momentos de desatenção e acionar recursos antidistração, que podem ser alertas sonoros ou visuais. O sistema trabalha a partir de câmeras no painel do veículo que são voltadas para os olhos do motorista.

No campo da segurança encontra-se também a futura geração do piloto automático, conhecido como ACC (Adaptative Cruise Control, que significa ‘controle de bordo adaptado’). Ao tradicional sistema, conhecido dos motoristas que podem comprar carros de luxo, a Delphi adicionou um radar que fica localizado na frente do veículo para a detecção de obstáculos. Uma vez acionado, o ACC mantém a velocidade determinada pelo motorista até que surja um obstáculo à frente, como um carro em velocidade mais baixa. Além de reconhecer o outro carro em movimento, o radar transmite informações para que o ACC adapte a velocidade, de tal modo que o veículo prossiga a viagem na mesma velocidade do carro imediatamente à frente. Assim como a velocidade, a distância mantida em relação ao obstáculo também é configurável. Esse recurso é automaticamente desligado quando o motorista pisa no freio ou quando a velocidade cai para menos de 32 km/h.

Com base na tecnologia de sensores microprocessados, a Delphi desenvolveu também um recurso de detecção do passageiro no banco dianteiro que fornece informações à central de controle dos air bags. Assim, se o ocupante for uma criança, em caso de acidente, a força de detonação das bolsas infláveis será realizada de forma adaptada, aumentando a eficiência e proteção do passageiro.

O jornalista viajou a convite da Delphi




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