Memória Titulo
Apresentamos o Dr. Manoel Dias de Toledo
Ademir Médici
10/12/2017 | 07:57
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 Quem teria sido o grande nome da Freguesia de São Bernardo no século 19? Falamos daquele território que abrange, com leves diferenças, o espaço ocupado pelo Grande ABC hoje.
Há vários candidatos: alferes Francisco Martins Bonilha, padre Manoel Inocêncio Lustosa, Antonio Queiroz dos Santos, senador José Luiz Flaquer.
O pesquisador Rodolfo Scopel Jacobine tem um novo (e favorito) nome.
Ilustre no passado; desconhecido hoje
Texto: Rodolfo Scopel Jacobine (*)

A figura relacionada à região da antiga Freguesia de São Bernardo que alcançou maior projeção política durante o século 19 foi sem dúvida o Dr. Manoel Dias de Toledo, professor da Faculdade de Direito de São Paulo (onde integrou a primeira turma de matriculados, a partir de 1828), conselheiro honorário do Império, deputado provincial e geral e governador da Província de Minas Gerais entre 1834 e 1836.
Nascido em Porto Feliz em 1802, esteve radicado parcialmente em São Bernardo desde pelo menos 6 de março de 1831, data em que se casou com Isabel Bonilha, filha do alferes Francisco Martins Bonilha, seu primo e correligionário do Partido Liberal, outro célebre morador radicado na freguesia, também natural de Porto Feliz.
O casamento foi realizado pelo vigário local, Hygino Francisco Teixeira, não na antiga igreja matriz, mas no oratório de uma propriedade de Bonilha, muito provavelmente no casarão que ocupava o espaço da atual Praça Lauro Gomes.
Tiveram 14 filhos, sendo que pelo menos oito nasceram em São Bernardo, embora ainda na infância fossem encaminhados para estudar em colégios particulares de São Paulo – como era costume entre os bens nascidos da época.

Produção de chá
em São Bernardo

Dias de Toledo e o alferes Bonilha foram proprietários em sociedade de áreas extensas na Freguesia de São Bernardo, como atesta o registro de terras de 1854, e também de uma fábrica de chá que, segundo o Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de São Paulo de 1857, era a maior da província, chegando a ser visitada por Dom Pedro II em 1846 – o que prova o prestígio da dupla.
Um relatório feito pelo governo provincial, do acervo do Arquivo do Estado, afirma que a fábrica possuía 16 fornos, conduzidos por três escravos feitores que faziam três arrobas de chá por dia, a partir de uma plantação de 125 mil pés.
O empreendimento era um dos que mais utilizavam escravos na freguesia, chegando a possuir cerca de 40. Parte desses cativos era oriunda do Congo e da Costa da Mina (golfo do Guiné). Estavam entre os milhares de escravos que vieram da África para o Brasil após a lei de 1831 que, em tese, proibiu tal tráfico (na prática ele só foi interrompido depois da Lei Eusébio de Queiroz, de 1850).
Alguns desses africanos acabariam fugindo da fazenda de Bonilha e Toledo para o sítio de uma liberta, no Brás, conforme aponta um processo judicial de 1871, citado em um trabalho da pesquisadora Beatriz Mamigonian.
No fim da vida, Dias de Toledo, após deixar o cargo de professor da Faculdade de Direito de São Paulo, exerceu ainda a função de diretor da casa de correição. Morreu vítima de derrame cerebral, em 1874.
Parte das terras que possuía foi comprada pelo Império. Uma parcela, que herdara de Bonilha, formaria a Linha São Bernardo Novo (atual bairro Santa Terezinha e parte do Montanhão).
Outras de suas propriedades na região (uma no Vale do Rio Grande e outra no Sítio Zanzalá) permaneceriam durante anos nas mãos de herdeiros, embora nenhum deles tenha se radicado na região, o que talvez possa ter contribuído para o relativo esquecimento que esse personagem teve no Grande ABC.

(*) Rodolfo Scopel Jacobine é licenciado em História pela FFLCH-USP. Trabalha na Seção de Pesquisa e Documentação da Secretaria de Cultura (Prefeitura de São Bernardo) na área de preservação da história local.

Diário há 30 anos...

Quinta-feira, 10 de dezembro de 1987 – ano 30, edição 6621
Manchete – Pacote fiscal punirá ganho com especulação
Santo André – A abertura de novas frentes de trabalho e implantação de desvios às obras do trólebus e do anel viário metropolitano tornaram mais caótico o trânsito no cruzamento da Avenida dos Estados com Antonio Cardoso.
São Caetano – O prefeito Walter Braido assina contrato para a restauração do Palacete De Nardi, no bairro Fundação.
Memória – Autonomistas de Diadema.
Informática (Ivone Santana) – Constituintes serão vigiados por computador.

Em 12 de dezembro de...

1917 – Os 3:000$000 consignados pelo Congresso do Estado de São Paulo no orçamento de 1918, de auxílio à Santa Casa de São Bernardo, foi considerado inexpressivo.
Diz a direção da Santa Casa que tem crescido o movimento da mesma. Aumenta a população pobre. São Bernardo transforma-se em importante centro operário.
Uma maior ajuda do Estado melhoraria o atendimento e aliviaria o atendimento da Capital.
A guerra. Do noticiário do Estadão: o armistício germano-russo. A 1967 – Inaugurado o monumento em homenagem ao presidente John Kennedy na praça do mesmo nome, em Vila Bastos, Santo André, doação da família Galluzzi.
1972 – Missa na Matriz do bairro Fundação lembra associados antigos da Sociedade Beneficente Príncipe de Napoli, de São Caetano.
1982 – Cantor Dick Farney apresenta-se na Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo.

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 10 de dezembro:
No Ceará, Alcântaras
No Mato Grosso, Alto Garças, Juscimeira, Rondonópolis e
Torixoréu
No Amazonas, Alvarães, Anamã, Beruri, Iranduba, Presidente Figueiredo, São Sebastião do Uatumã, Tonantins e Uarini
Na Paraíba, Areial e Pocinhos
No Paraná, Colorado, Coronel Domingos Soares, Fernandes Pinheiro, Itaperuçu e Londrina
Em Goiás, Cumari
Na Bahia, Itagi
No Mato Grosso do Sul, Itaporã Fonte: IBGE

Hoje

Dia Internacional dos Direitos Humanos
Dia do Palhaço

Santos do Dia

Nossa Senhora de Loreto. Padroeira dos Aviadores.
Gemelo Gregório III Melquíades. Papa.

Missa Solene

Evento marca os 300 anos do início da construção da capela de São Caetano pelos monges beneditinos (1717-2017) no antigo bairro do Tijucuçu. A capela foi demolida em 1900 para a edificação da igreja atual.
O evento será hoje, domingo, às 19h, na Matriz Velha de São Caetano, sede da Paróquia São Caetano, situada à Praça Comendador Ermelino Matarazzo, bairro Fundação.
Estarão disponíveis acomodações ao lado da igreja, com transmissão por telão.
Uma missa será celebrada pelo abade do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, dom Mathias Tolentino Braga. Participará o bispo diocesano de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini. A missa será cantada, em canto gregoriano, pelos monges de São Bento.
Antes da missa, o professor José de Souza Martins fará uma explanação histórica sobre as características da antiga capela. Há 60 anos o professor Martins pesquisa e estuda a história do lugar e do seu entorno, jardins e o chafariz do Pátio de São Bento, atual Praça Ermelino Matarazzo.
Em sua fala, o professor Martins fará uma reconstrução da capela antiga com base em documentos de arquivos de São Paulo, Olinda, Salvador e Portugal.




Comentários

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