O Articulador se encaixa no primeiro caso. Fala da ingrata profissão de assessor de celebridades, da crise de consciência de um personagem, tema de outro título (Fora de Controle) com pré-estréia sábado no Grande ABC, e também é atração do evento carioca, só que dentro da seleção Première América.
Os respectivos protagonistas vividos por Al Pacino e Ben Affleck não medem esforços para obter o que querem, mas sabem que isso significa passar dos limites. O segundo ganhará sua redenção, enquanto o primeiro será condenado de forma inesperada. Por isso – e, claro, pelo abismo interpretativo entre os dois atores –, O Articulador é melhor.
Pacino faz Eli Wurman, um famoso relações-públicas cujos dias de glória ficaram no passado. Morador de Nova York, ele está perdido na confusão de mídia, fama e política que ajudou a criar. Após um dia exaustivo, Eli é chamado, de madrugada, para pagar a fiança de uma estrela dos seriados de TV, Jilli (Téa Leone), e tirá-la da cadeia.
Quem lhe pede o tal favorzinho é o astro do cinema Cary Launer (Ryan O’Neal), seu último cliente importante. Eli aceita resolver o pepino em troca da presença de Launer na festa beneficente que organiza para o dia seguinte. Mas ele terá uma dor de cabeça extra com Jilli. Ao invés de colocá-la em um avião, Eli aceita seu convite para curtir uma festinha de arromba.
Depois de se entupir de drogas, o assessor segue com a estrela temperamental para um hotel. Da banheira, ele presencia o assassinato da moça, mas tamanho é o grau de sua loucura que, ao acordar no dia seguinte, ele deixa o local como se nada tivesse acontecido. O crime logo ganha repercussão na imprensa, sem que se descubra a sujeira varrida para baixo do tapete.
Isso, e mais a presença de sua estonteante cunhada, Victoria (Kim Basinger), desvia sua atenção da promoção pela qual é responsável: a festa em benefício de um grupo de nigerianos injustamente detido pelo prefeito. Eli terá de colocar, sob o mesmo teto, dois líderes novaiorquinos que não se toleram: o reverendo Lyle Blunt (Bill Nunn), um falastrão que representa o bairro do Harlem, e o judeu Elliot Sharansky (Richard Schiff), um bilionário com interesses comunitários.
É interessante reparar na gradual transformação de Pacino do começo ao fim do filme e como ele incorpora o estresse físico e emocional vivido por seu personagem. Ben Affleck até que tenta, em Fora de Controle, parecer transtornado. Talvez ele precise assistir O Articulador mais uma centena de vezes.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.