Política Titulo Entrevista exclusiva
Eli Correa cobra rigor em apuração de Demóstenes
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
02/04/2012 | 10:19
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Em passagem pelo Grande ABC na terça-feira para receber título de cidadão honorário de Santo André, o deputado federal Eli Correa Filho (DEM-SP) cobrou, em entrevista exclusiva ao Diário, rigor na investigação sobre o senador e correligionário Demóstenes Torres, cuja apuração revela envolvimento com o empresário do ramo dos jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O democrata assegura que o DEM não vai compactuar com suposto desvio de conduta e tomará atitudes cabíveis no mandato. Após três mandatos na Assembleia Legislativa, o parlamentar, filho do radialista Eli Correa, entrou na Câmara Federal ao conquistar, em 2010, 124 mil votos, sendo 2.600 em Santo André. Ele relata que, como ‘repórter do povo', possui ligação com a cidade, o que contribuiu para a votação e motivou a montar escritório político na Vila Luzita. "É extensão do gabinete em Brasília." Com a homenagem, ele avalia ser "inegável colocar foco bastante voltado a Santo André".

DIÁRIO - Como sr. enxerga a revolta dos partidos da base aliada na Câmara Federal?
ELI - O governo (Dilma Rousseff-PT) não esperava essa rebelião. Dá para sentir a preocupação. Além disso, a Dilma deu entrevista falando que não tem ‘toma lá, dá cá'. Isso revoltou mais alguns deputados. Eles querem reconhecimento. Para nós, da oposição, é maravilhoso. Ajuda a prorrogar trabalho de estudo sobre projetos.

DIÁRIO - Quais projetos emperrados se mantém na briga com a sustentação?
ELI - Como o Código Florestal, por exemplo. Existe a bancada que defende o lado ruralista. Eles demonstram por A mais B que há falhas. A gente quer corrigir antes que seja votado. A Lei Geral da Copa tem o lado da bebida alcoólica. Uns apoiam, outros não. Nossa leitura é que talvez a presidente até deixe para lá e na frente, em 2013, mande medida provisória e com o governo rolo compressor passa tranquilamente. Debater com 400 governistas é complicado. A oposição fica minguada, apesar de grupo bom. Quando eles (aliados) querem votar e está todo mundo apoiando, vota mesmo.

DIÁRIO - A alteração na liderança do governo na Câmara e Senado teve algum efeito?
ELI - Foi o grande ponto. Com o (ex-) Cândido Vacarezza (PT), puxaram o tapete. E no Senado fizeram a mesma coisa. A partir disso começou certa rebeldia, pois não deu garantia aos novos líderes. O Arlindo Chinaglia (novo líder, PT) acaba não tendo aquele contato que o Vacarezza criou, foi o estopim.

DIÁRIO - Essa insurreição em Brasília está influenciando nas negociações?
ELI - Sem dúvida, mas agora não tem volta. Tem de encarar a realidade e tentar fazer bom acordo para que as votações aconteçam. A gente não quer ver o País parado, mas, diante disso, podemos conseguir analisar e ponderar alguns pontos.

DIÁRIO - No Congresso, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) está sendo acusado de praticar irregularidades. Como o DEM está tratando o assunto?
ELI - Vou ser bem sincero. A gente está exigindo que a Procuradoria-Geral da República divulgue toda a apuração sobre o Demóstenes, líder, capacitado e influente no seu Estado. Agora, qualquer tipo de irregularidade e desvio de conduta o DEM é totalmente contrário. Não podemos julgá-lo antecipadamente. Por isso pedimos que se faça investigação rigorosa. Uma vez comprovado que realmente ele está envolvido com o Carlinhos Cachoeira, que tem ligação com o lado da corrupção, vamos tomar atitudes cabíveis no mandato e não compactuaremos com nenhuma atitude a que se supõe que ele tenha cometido.

DIÁRIO - Depois do Mensalão do DEM, em Brasília, esse novo caso de ilicitude. O DEM está em queda livre?
ELI - Absolutamente. Temos uma bancada forte. O próprio ACM Neto, líder do DEM, é grande orador na tribuna e toma conta do plenário. Com a perda de representantes para o PSD, a gente brinca que cada deputado do DEM vale por alguns do PSD. Tínhamos 43 (cadeiras) e agora caímos para 27. O PSD fez isso, entretanto, nossa marca é a atuação.

DIÁRIO - Em pouco mais de um ano no Congresso, quais são os projetos de relevância, de sua autoria, protocolados?
ELI - Apresentamos alguns com base, inclusive, no apoio do Procon, já que cuido bastante do lado do consumidor. O último é de certidão de violação de direitos do consumidor. Isso vai servir como forma de desempate nas licitações, nos quais as grandes empresas participam no País. Ou seja, se empresa for mais reclamada que a outra perde no critério de desempate. Outro projeto proíbe a comercialização de bebidas em garrafas Pet caso a empresa não tenha estudo de impacto ambiental. Houve revolta por parte dos fabricantes, mas não queremos acabar com o emprego da Pet. Pelo contrário. Queremos saber o que vai fazer com a garrafa: trocar, reutilizar, como tratar esse aspecto no meio ambiente. É claro que há lobby dos produtores. Na Comissão do Desenvolvimento Econômico já foi negado, mas a luta continua. E existe novo projeto de ranking, que impõe as empresas mais reclamadas a se autopunirem sendo compelidas a colocar em todos os estabelecimentos a posição do ranking com fiscalização do Procon. Isso para o consumidor ter a liberdade.

DIÁRIO - Qual foi o critério utilizado para o sr. receber o título de cidadão honorário de Santo André pelo vereador Toninho de Jesus (DEM)?
ELI - Nosso trabalho começou lá atrás com meu pai quando visitava a cidade, e tivemos votação incrível até pela penetração da rádio (Capital, com o trabalho de repórter do povo). Acabei montando, por isso, na Vila Luzita, um escritório que é extensão do gabinete em Brasília. A gente quer cada vez mais ampliar. Há limitações, mas é importante estar ao lado das pessoas. Em Brasília fica-se pensando no lado dos projetos e esquece um pouco das raízes. Faço questão de estar presente para ver o problema de perto. É um diferencial.

DIÁRIO - O sr. teve 2.600 votos em Santo André. O quanto aumenta a responsabilidade com o título?
ELI - Temos por dever trabalhar pelos municípios de São Paulo, mas sem dúvida quando é cidadão de uma cidade vai estar mais presente, olhar com mais carinho e isso fortalece e motiva a participação no município. É inegável. Com certeza meu foco vai ficar bastante voltado a Santo André. Nunca deixei de lado a cidade, só que agora a responsabilidade é maior. Sou paulistano, cidadão cotiano e ribeirão-pirense. Lógico que homenagens foram maravilhosas, pórem, fiquei muito surpreso em Santo André.

DIÁRIO - Como o sr. vê o acordo recém-fechado do DEM com o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB)?
ELI - Ele realmente me comunicou que está sacramentada a parceria. Não fiz parte da negociação, mas lógico que importante é o DEM apoiar pessoa que está fazendo algo de diferencial na cidade. Vejo que Aidan está sendo bom prefeito, é acessível, pensa no cidadão. Se o DEM tem grupo bom e pode apoiá-lo, eu acredito que é válido, fico satisfeito.

 




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