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Navegar é pop
Illenia Negrin
Enviada ao Horizon
30/12/2010 | 07:58
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Esqueça tudo o que você viu nos filmes sobre cruzar oceanos a bordo de um transatlântico. Ambientes formais, cheios de pompa e etiqueta, desfrutados por gente grã-fina, são cenas que ficaram congeladas nas telas do cinema. Pelo menos em terras brasileiras, navegar é pop. Os minicruzeiros são opções de lazer cada vez mais acessíveis, com programações variadas para agradar turistas de todas as idades e gostos. No mesmo navio, é possível encontrar jovens baladeiros, grupos de amigos da terceira idade, recém-casados, famílias inteiras comemorando uma data especial e crianças, muitas crianças.

O navio Horizon é bom exemplo desse novo modo de viajar: tem um pouco de tudo, para todo mundo. O transatlântico é novidade da CVC para esta temporada e inaugura o roteiro da operadora, com paradas em Santos, São Francisco do Sul (SC), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ). Os pacotes são comercializados a partir de US$ 800 (cerca de R$ 1.500), com refeições e bebidas incluídas. O sistema all inclusive, aliás, é um dos grandes atrativos da viagem. Crianças de até 11 anos não pagam.

"A popularização dos cruzeiros é a tendência. Com a melhora do poder aquisitivo, a demanda cresceu muito. Adequamos nossos serviços para atender a esses novos passageiros, que hoje podem usufruir da estadia em transatlânticos. Muitos estão viajando em família pela primeira vez", sustenta o gerente de vendas da CVC, Kleber Silva.

A empresa opera cinco navios e espera atender 180 mil turistas até março - 30 mil deles a bordo do Horizon.

Com capacidade para abrigar 1.800 passageiros, o Horizon é popular, sem perder o requinte. A embarcação, que pertence à espanhola Pullmantur, é uma senhora nos mares, com 207 metros de comprimento, 29 de largura e 47 mil toneladas. Navegou pela primeira vez há 20 anos e atracou no País em dezembro, totalmente reformada.

Os 12 andares abrigam duas piscinas, duas jacuzzis, cinco bares, dois restaurantes, sala de ginástica, spa, salão de beleza, biblioteca, sauna, teatro, discoteca, cassino, salão de jogos para as crianças e butiques.

As cabines são bastante confortáveis, inclusive as mais simples, que não contam com janela e vista para o mar.

O atendimento prestado pelas 50 camareiras e cerca de 130 funcionários dos bares e restaurantes é exemplar. Ao todo, o Horizon leva cerca de 600 tripulantes. Cerca de 200 são brasileiros; os demais são de 30 nacionalidades diferentes.

Com tantos estrangeiros a bordo, às vezes é difícil se fazer entender. Solicitar toalhas ou um simples sachê de manteiga pode exigir sessões de mímica ou improvisos macarrônicos em inglês ou espanhol. Atenciosos e simpáticos, os funcionários não deixam o passageiro na mão.

Durante o dia, o 11º andar é o mais disputado do Horizon. Ali, à beira das piscinas, definitivamente não é lugar de sossego. Ritmos como axé, pagode e sertanejo rolam o tempo todo, no último volume, além das gincanas empolgadas e aulas de ginástica.

Para quem prefere tranquilidade, o jeito é recorrer às espreguiçadeiras localizadas no último deque. Se a música incomodar, a solução é grudar um MP3 player aos ouvidos. Depois, é só esticar as pernas, tomar um refresco e contemplar a bela paisagem.

O pôr do sol em alto-mar é imperdível. Para os pequenos também não falta diversão. A equipe de 50 monitores promove atividades e organiza a correria da molecada pelas áreas comuns do navio.

A possibilidade de visitar as cidades em que o Horizon permanece atracado é outra grande vantagem do cruzeiro: a mesma viagem dá a chance de conhecer diferentes cidades.

Os horários estabelecidos para retornar à embarcação (o limite varia conforme o destino, mas nunca ultrapassa as 19h) acabam por restringir os passeios, mas há roteiros curtos e interessantes que valem ser feitos.

O serviço pode ser contratado no próprio navio. Em média, jovens e adultos gastam R$ 70 por saída; crianças até 12 anos têm desconto.

A CVC estima que metade dos passageiros a bordo realize pelo menos uma das excursões propostas. "No Brasil, os turistas que optam por uma viagem como essa geralmente preferem não desembarcar. O navio é a principal atração, ao contrário do que acontece na Europa, onde é mais um meio de transporte", conta a diretora de cruzeiros, Flávia Xavier. "É por isso que incrementamos tanto a programação", conclui.

A jornalista viajou a convite da CVC

 

Noite quente em alto-mar

 

No Horizon, a lista de entretenimento tem tempero brasileiro. Os bares têm ambiente mais intimista, com música ao vivo, no estilo banquinho, voz e violão - às vezes também acompanhado de piano. Ali se ouve MPB, samba, bossa-nova, jazz e até rodadas exclusivas com sucessos de Djavan e Roberto Carlos.

No teatro, o grupo de cantores e bailarinos apresenta um espetáculo diferente por noite, com clássicos do cinema, hits nacionais, ritmos latinos e até show de ilusionismo.

O tradicional Coquetel com o Comandante é um dos mais aguardados. No único evento formal da viagem - o traje social é obrigatório -, o comandante do Horizon, o português Augusto Moita, apresenta os oficiais de bordo, além de tirar fotos com os passageiros.

Bem mais descontraída, a Noite Tropical, realizada na piscina, tem pagode, funk, mesas decoradas com frutas e drinques exóticos. Para os que preferem música eletrônica, a discoteca é a melhor pedida, que também reserva espaço para flash backs.

 

Comer, comer, comer...

 

Durante o cruzeiro, come-se muito e muito bem. Há quem se empolgue com o esquema tudo incluído e volte à terra firme com uns quilinhos a mais. Mas não é apenas a mesa farta que abre o apetite. Apesar de preparado em escala industrial - toneladas de alimentos são consumidas pelo batalhão de turistas - o menu enche os olhos e agrada o paladar.

Há dois restaurantes: o Condessa e o Panorama. No primeiro, café da manhã e jantar são servidos à la carte, com hora marcada. O segundo oferece bufê praticamente em esquema 24 horas - durante a madrugada e no intervalo das refeições, sempre há disponível algum pãozinho, bolo, torta, pizza, sopa e frutas para driblar a fome.

No Condessa, o cardápio do jantar é mais sofisticado. Risoto com camarões graúdos, filé mignon e codornas, por exemplo, não são encontrados no self-service, além das sobremesas sem adição de açúcar. O bufê, no entanto, é mais prático e variado. O único inconveniente são as filas nos ‘horários de pico', às 13h e às 19h.

Mesmo com perfil mais popular, o padrão gastronômico segue o dos outros navios operados pela CVC. Os cardápios são elaborados e supervisionados pela chef Tereza Guerra, que adapta receitas europeias ao gosto brasileiro. Por aqui, os doces são mais açucarados e a carne bovina é um dos ingredientes mais consumidos - cerca de 4,5 toneladas por semana, além dos pães, cinco toneladas, e vegetais, oito toneladas.

Sem contar a cerveja: cerca de 4.000 latinhas por dia. Mais uma prova de que os brasileiros, aos poucos, estão mudando o modo como os estrangeiros cruzam os mares.

 




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