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Governo vai monitorar febre amarela em SP
Marco Borba e
Valéria Cabrera
Da Redaçao
com ARN
15/01/2000 | 18:18
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A confirmaçao de dois casos de febre amarela nos últimos dias, em Brasília e Rio de Janeiro, e a suspeita de um caso em Campinas fez com que a Secretaria Estadual da Saúde tomasse uma decisao: monitorar a doença também no Estado de Sao Paulo. A partir deste mês, será dado início a um trabalho de orientaçao para as pessoas que pretendem deixar o Estado em direçao a áreas como Goiás e Mato Grosso, além de outros pontos com histórico de casos da doença.

"Já estamos nos organizando para ampliar o atendimento nos postos e queremos distribuir panfletos nos postos de saúde e nas rodoviárias, orientando as pessoas que vao para essas regioes para que se vacinem antes", disse Clélia Aranda, coordenadora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado.

Segundo ela, a partir de março, a secretaria deverá iniciar também uma campanha de vacinaçao pela regiao de Campinas. "Começaremos por lá porque o levantamento que fizemos aponta que, atualmente, é a regiao com maior incidência de concentraçao do Aedes aegypti (mosquito que, além da dengue, trasmite a febre amarela nos centros urbanos). O Grande ABC também está em nossos planos, mas a campanha avançará gradativamente pelas demais regioes do Estado", afirmou.

Ainda de acordo com a coordenadora, é rotineira a vacinaçao nas áreas limítrofes onde há incidência da doença, como nas divisas de Sao Paulo com Minas Gerais e Mato Grosso. Entre fevereiro e março do ano passado, a Secretaria vacinou cerca de 600 mil pessoas na Baixada Santista. A campanha durou seis semanas.

Apesar de as medidas já definidas pelo governo do Estado, os casos confirmados nao devem alarmar a populaçao do resto do país, segundo a diretora do Departamento de Controle de Vetores da Sucen, Carmen Moreno Glasser. "Isso é comum acontecer quando pessoas que nao tomaram a vacina vao para regioes endêmicas."

Segundo Carmen, devem se preocupar apenas as pessoas que vao viajar para as regioes Norte e Centro-Oeste do país, além da parte Oeste do Maranhao. "Todas devem tomar a vacina contra febre amarela pelo menos dez dias antes de viajar", afirmou. O medicamento, segundo ela, é quase 100% eficaz e protege a pessoa durante dez anos.

Os dois casos registrados até o momento sao de febre amarela silvestre, transmitida ao ser humano por um mosquito que habita essas regioes. Desde 1942, nao há registro da febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

A vacina - uma injeçao - é aplicada gratuitamente em unidades de saúde, nao sendo encontrada em clínicas particulares. Crianças a partir dos 6 meses já podem ser vacinadas contra a doença. Pode haver reaçao em até 30% das pessoas vacinadas - dois ou três dias depois, a pessoa tem febre baixa e dor no corpo.

Carmen explicou que o aparecimento da febre amarela silvestre em grandes cidades pode fazer com que o tipo urbano reapareça. "Isso porque o Aedes aegypti pode picar uma pessoa infectada, que trouxe a doença das áreas endêmicas, e propagar o vírus. Por esse motivo a vacinaçao é muito importante."

A febre amarela pode levar a morte em até 50% dos casos. Segundo o médico infectologista Munir Akar Ayub, do Hospital Brasil, em Santo André, nao existe remédio para a doença. "O vírus é eliminado espontaneamente por parte das pessoas. Nao se sabe porque isso acontece."

Sintomas - Segundo Ayub, as pessoas infectadas com o vírus da doença têm dor no corpo e na cabeça, febre alta, náuseas e vômitos (como a dengue), podem apresentar icterícia e até mesmo um comprometimento renal, já que o vírus ataca primeiro o fígado, podendo atingir os rins.

"A pessoa apresenta uma insuficiência renal, urina pouco ou passa a nao urinar", disse. Ele acrescentou que a doença também causa problemas na coagulaçao do sangue e a pessoa passa a ter hemorragias. O diagnóstico da febre amarela é feito somente por meio de exames laboratoriais.

Outra forma de evitar que a febre amarela urbana se alastre é acabar com o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, que se reproduz em água limpa e parada. "Com isso, eliminamos a possibilidade da transmissao da febre amarela e também da dengue", disse Carmen.

Ela explicou que a populaçao que mora em regioes do Estado de Sao Paulo onde há muita incidência do mosquito é vacinada contra a febre amarela. No ano passado, por exemplo, quando houve epidemia de dengue na Baixada Santista, toda a populaçao foi convocada para a vacinaçao contra febre amarela. Nao há medicamento contra a dengue.

Já houve também vacinaçao em massa em algumas regioes do interior do Estado. "No momento, nao há necessidade de vacinar a populaçao da Grande Sao Paulo", afirmou.




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