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Sarkozy presta homenagem aos soldados franceses mortos no Afeganistão
Da AFP
20/08/2008 | 02:24
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AFP


O presidente francês, Nicolas Sarkozy, viajou nesta quarta-feira a Cabul, onde participou em um ato em homenagem aos dez soldados franceses mortos na segunda-feira em um ataque talibã que está tendo repercussões negativas na França, principalmente depois de informações da imprensa de que os militares teriam sido "atingidos" por disparos da Otan.

Segundo matéria do jornal francês Le Monde, alguns dos soldados franceses que caíram nessa emboscada armada por talibãs foram "atingidos" por ataques aéreos da Otan destinados a salvá-los da cilada e que a quantidade de vítimas pode ser explicada pela reação tardia do comando e por sérios problemas de coordenação.

Em reação a estas acusações, o chefe de Estado-maior do exército francês, o general Elrick Iastorza, afirmou que "há um momento para a compaixão e um momento para analisar o ocorrido".

Falando aos soldados em uma das bases de seu país no Afeganistão, o presidente Sarkozy pediu às tropas do país que continuem trabalhando e mantenham a cabeça erguida mesmo depois das mortes registradas entre suas fileiras na véspera.

"A melhor forma de ser fiéis aos seus companheiros é continuar, levantar a cabeça, reagir como profissionais", disse no campo Warehouse, quartel-general do comando regional de Cabul da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan.

O presidente manifestou pêsames diante dos caixões dos 10 soldados, na capela ardente instalada no campo.

"Queria dizer a vocês que o trabalho que fazem aqui é indispensável. Porque estamos aqui? Porque aqui se trava uma parte da liberdade do mundo. Aqui acontece um combate contra o terrorismo. Estamos aqui não contra os afegãos, e sim com os afegãos, para não deixá-los sós diante da barbárie", afirmou Sarkozy aos militares.

Além de ir à capela ardente erguida em homenagem aos soldados mortos, visitou o hospital de campanha para ver os 21 soldados que ficaram feridos no ataque.

Mais tarde, o dirigente se encontrou com os militares do Oitavo Regimento de Pára-quedistas de Infantaria da Marinha, para receber explicações como ocorreram a emboscada e os combates contra os talibãs, em um vale do distrito de Sarobi, a 50 km a leste de Cabul.

Por fim, Sarkozy se reuniu com o presidente afegão, Hamid Karzai.

O presidente francês viajou acompanhado por seu ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, e pelo ministro da Defesa, Hervé Morin.

A emboscada que terminou com a morte dos 10 soldados perto de Cabul foi o ataque mais violento sofrido pelo Exército francês desde o atentado em Beirute contra o edifício Drakkar, em 1983, que matou 58 pessoas.

Ao partir da França, Sarkozy expressou sua determinação em continuar a luta contra "o terrorismo" junto com os americanos no Afeganistão.

Atualmente, 3.000 militares franceses estão baseados no Afeganistão no contingente da Isaf, a maioria na capital, Cabul, e na província de Kapisa.

Antes do drama de segunda-feira, 13 soldados franceses haviam morrido no Afeganistão desde 2001, em acidentes, operações e atentados. A última baixa tinha ocorrido em setembro de 2007, num atentado suicida com carro-bomba em Cabul.

Ao todo, 176 soldados estrangeiros, a maioria americanos, morreram no Afeganistão este ano, segundo um balanço da AFP a partir de números oficiais.

Agora surge a polêmica dos que questionam a versão do exército francês segundo a qual quase todos os dez soldados mortos foram vítimas dos primeiros disparos inimigos. De acordo com o "Le Monde", eles morreram durante enfrentamentos que duraram várias horas.

Segundo estas testemunhas, os ataques aéreos da Otan erraram seu alvo e acertaram os soldados franceses, também atingidos por disparos de soldados afegãos, escreveu o jornal.

A unidade de reconhecimento encarregada de se aproximar a pé da montanha permaneceu sob fogo inimigo durante quase quatro horas sem reforços, disse um ferido, "Não tínhamos mais munições para nos defender", acrescentou.

Por fim, um Boeing C135 transportando 11 dos 21 soldados franceses feridos partiu com direção ao aeroporto de Orly, periferia de Paris, e será recebido pelo secretário de Estado francês para a Defesa, Jean-Marie Bockel, e o chefe do Estado-Maior do exército de terra, Elrick Irastorza.

Os corpos dos dez soldados mortos também serão repatriados nesta quarta-feira para Paris, conforme anunciou Bockel.




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