A trupe brinca com os pequenos encontros e desencontros do cotidiano urbano contemporâneo, nada que se possa definir como grandioso. As diversas cenas curtas que compõem o espetáculo, porém, não deixam de acenar para uma atitude política – não no sentido partidário, mas no de discussão das questões que afligem a sociedade.
Ao colocar em discussão uma determinada característica da sociedade, mostrar corpos como objetos em linha de montagem (a automatização-desumanização do trabalho) configura uma ação política. Essa é a matéria-prima do bom teatro.
Na mesma categoria se encaixam os esquetes – marcados por bom humor – do telefone (a dificuldade do entendimento) e do carro (descartabilidade das pessoas). Assim como aquele em que a metrópole se deixa ver em seu lado cruelmente frenético.
A iluminação, de Domingos Quintiliano, é fundamental na montagem. O vermelho é a cor recorrente, mas o espetáculo não se pauta pelo monocromatismo – por vezes os contrastes, por agirem como comentaristas de ações físicas e verbais, dão à luz uma condição de personagem.
Pequeno Sonho em Vermelho – Teatro. De Fernando Bonassi. Direção de Francisco Medeiros e Lucienne Guedes. Com a Cia. Linhas Aéreas. Quintas, às 21h, sábados, às 22h, e domingos, às 18h. No Sesc Anchieta – r. Dr. Vila Nova, 245. Tel.: 3234-3000. Ingr.: R$ 15. Até 23 de novembro.
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