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Dispensas voluntárias em Diadema sobem 480%
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
27/08/2011 | 07:30
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Diadema apresentou o maior crescimento em pedidos de demissão no comércio varejista entre janeiro e julho e o mesmo período do ano anterior. O salto foi de 213 dispensas voluntárias para 1.235, alta de 478,8%.

Em segundo lugar aparece Mauá, com variação de 458,5%. Nos acumulados dos sete meses, em 2000 foram 169 pedidos contra 944 neste ano.

Os dados são da seção perfil do município do Ministério do Trabalho e Emprego. Rio Grande da Serra não entrou na comparação por ter menos de 2.500 empregados no comércio varejista, segundo a Pasta.

O distanciamento entre os crescimentos ocorrem, semelhante, nas seis cidades. Em Santo André a alta de demissões voluntárias foi de 146%, contra avanço total de dispensas no setor de 87%. Em São Bernardo, na mesma relação do comércio varejista, os percentuais são de 185% e 119%.

Em São Caetano a diferença é mais gritante, com incremento de 226% nas saídas a pedidos e 44% do acréscimo no total de demissões.

O vice-presidente do Sindicato dos Comerciários do Grande ABC, Lourival Cristino Santos, avaliou a diferença de crescimento como positiva aos trabalhadores da região. Ele disse que muitos procuram qualificação, migram de emprego, e aparecem mais vagas para aqueles que têm pouca qualificação. "O comércio não exige muita técnica. Portanto os patrões dão valor (no caso de atendimento) para aquelas pessoas que conversam bem."

O superintendente da Associação Comercial e Industrial de Santo André, Luis Antonio Sampaio da Cruz concordou com Santos. "Muito, provavelmente a maioria daqueles que pediram demissão, foi porque surgiu oportunidade em outro setor."

Ele lembrou que o comércio é visto, por muitos, como um emprego alternativo, de passagem.

Quem fica, geralmente, são os que realmente gostam das vendas e recebem comissão, o que melhora a renda. O piso na região do comerciário é de R$ 715, em empresas com até 20 funcionários, e R$ 770, nas companhias com mais de 20 empregados. E a garantia dos comissionistas, também com base no número de funcionários do empregador, está entre R$ 850 e R$ 910.

LADO OPOSTO - Santos, do sindicato, revelou que os pedidos de demissão também consideram trabalhadores que deixam o comércio, pensando que podem abrir o próprio negócio pela experiência que adquiriram com empregados, e acabam entrando para a estatística de microempresas que quebram.

A falta de compromisso dos empregados com as empresas também é fator negativo, principalmente para a economia, avaliou o professor de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Giorgio Romano. "É um problema generalizado."

Ele explicou que, na média nacional, o comércio contrata durante períodos de economia morna e perde funcionários bons quando o cenário fica favorável em outros setores, o que pode atrapalhar os resultados do segmento.

Mas justificou que boa parte dessa cultura é estimulada pela falta de políticas de proteção contra a demissão injustificada no Brasil. "Em outros países a situação é diferente". Romano disse que essa barreira, no País, só existe para os funcionários de empresas modernas, que negociam à altura com os sindicatos, que por sua vez questionam todas as demissões. E exemplificou a situação com o caso das montadores, cujas entidades representates dos funcionários atuam com muito diálogo com as companhias.




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