Diarinho Titulo
Procuro um amigo
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
14/03/2010 | 08:24
Compartilhar notícia


Para que comprar um amigo se você pode adotá-lo? Calma, não pense que se trata de um humano - afinal, esse não é vendido em lojas. É um ser também muito especial, no entanto, tem mais pelos, anda com quatro patas e não fala. Mas isso não é obstáculo para acompanhá-lo por muitos anos, trazendo grandes alegrias. Quem é? É o bicho de estimação!

Tirá-lo da rua ou do abrigo tem gostinho especial; o dono vai ter a certeza de que fez um bem danado. Há quem garanta que os animais adotados, em geral, demonstram muita gratidão pelos humanos que o acolhem.

Quando a cocker Poly chegou na casa de Gustavo de Melo Montico, 6 anos, de São Bernardo, estava muito suja, triste e faminta. Antes de ganhar o novo lar, a cadela perambulava pelas ruas de São Paulo até ser encontrada por uma protetora de animais. Depois disso, ganhou uma família rapidinho. "Ela ficava na rua o dia inteiro. Tomava chuva, dormia em qualquer lugar e acho que até comia lixo. Agora a Poly está feliz porque tem ração e água limpinha", afirma Gustavo.

Hoje, o garoto e a cadela - que é bem sapeca - são superamigos e adoram brincar juntos. "Todo mundo quer comprar um bichinho na loja, mas é melhor pegar os abandonados porque têm muitos sem dono", explica o menino.

DOIS SORTUDOS
Os cães Hambúrguer e Huguinho têm uma história curiosa. O que recebeu nome de comida foi o primeiro a aparecer na rua da casa de Sthefany Villa Martini, 11, São Bernardo. Magro e maltratado, logo foi adotado pela família da menina. Mas não é que, certa vez, o danado fugiu.

Foi um chororo só, mas dias depois, ele voltou. Só que dessa vez não estava sozinho, trazia um amigo, o Huguinho. Como os pais de Sthefany têm coração grande, também acolheram o outro bicho. "O Huguinho já veio cego de um olho. Ele tem muito medo de vassoura. Deve ser porque apanhava muito", acredita a menina.

Hambúrguer teve filhotes com a cadela da vizinha, e a família cresceu. Sthefany ficou com Tili e Precioso para completar a turma de quatro machos. "Os bichos são amigos dos humanos. Tem muita gente que os abandona e maltrata. Tenho vontade de colocar todas essas pessoas na cadeia", diz Sthefany.

Os Centros de Controle de Zoonoses e ONGs (Organizações Não Governamentais) da região têm centenas de cães e gatos - filhotes e, principalmente adultos - esperando por um lar. A maioria é vira-lata, mas há vários de diversas raças.

Dono tem de ser responsável
Você já deve ter ouvido que a posse tem de ser responsável. Isso significa que o dono deve seguir algumas regras, como garantir lugar limpo e seguro para o bichinho viver, além de espaço para dormir e nunca abandoná-lo, já que ele torna-se responsável pelo pet.

É preciso manter recipientes com ração e água fresca, que devem ser trocados todos os dias. Assim como os humanos vão ao médico, os animais têm de ser levados ao veterinário. As vacinas também são muito importantes para garantir a saúde.

Mas a tarefa não fica só por aí. Bicho de estimação também precisa de atenção e carinho. Cães, por exemplo, não podem permanecer presos por muitas horas ou sem companhia. Precisam ainda passear todos os dias, andando sempre com coleira e guia. Em geral, brincadeiras deixam o pet mais feliz, principalmente filhotes.

Anjo da guarda dos abandonados
Apesar de só ter 10 anos, Rafael Bispo de Souza, de Ribeirão Pires, já perdeu a conta de quantos cães salvou. Desde que a mãe começou a trabalhar em uma organização de proteção aos animais, há dois anos, ele resgata os que são maltratados e leva para lá, para que a entidade encontre um dono. Certa vez, achou cinco filhotes de uma vez. Se ele não os tivesse pego, possivelmente teriam morrido. "Não aguento ver cães abandonados. É injustiça ficarem na rua", afirma.

Em geral, os cães que Rafael encontra estão doentes ou muito machucados; parte deles sofreu com a violência humana. Depois de serem retirados da rua, recebem cuidados e carinho. "Dá para ver no olhar que estão felizes", garante.

Em casa, convive com o vira-lata sortudo Veludo, que foi encontrado dentro de uma caixa pelo avô de Rafael. "Para ser bom dono, precisa gostar e cuidar bem deles. Não pode fazer para o bicho o que não quer que façam para você."

Maltratar e abandonar são crimes!
Tem gente que esquece que bicho é ser vivo e o abandona por aí, deixando-o em estradas ou bairros distantes para que não consiga voltar para casa. Há casos piores, em que é jogado com os filhotes em córregos. O que poucos sabem é que maus tratos é crime!

Engana-se quem imagina que só aquele que bate ou fere o animal é incriminado. O dono que se esquece da posse responsável ou abandona o pet também pode se dar mal. Quem não respeita a lei pode ser condenado de três meses a um ano de prisão, além de pagar multa. Se ver alguém agindo assim, peça para um adulto ligar para 190 ou para o Centro de Zoonoses da sua cidade.

Bicho não é brinquedo!
A galerinha do Colégio Singular, em São Bernardo, teve uma aula muito especial sobre a importância de adotar os abandonados e proteger os animais de estimação. Todos entenderam que pets não são descartáveis e no tempo em que viverem devem receber atenção e amor.

"Bicho não é brinquedo. Não pode jogar fora. Tem de tratar sempre bem", explica Isabelle Zanineli, 5. O amigo Rainer Sanchez Rodrigues, 6, garante que já sabia cuidar bem do seu cão Snape. "Tem gente que abandona o bicho. Mas nunca vou querer dar o meu embora. Vou ficar com ele até que morra", afirma o menino.

Leonardo Della Pascoa Palmieri, 6, se diverte com os cães Panda e Pingo da avó, que foram adotados. "Tem gente que não respeita mesmo os bichos. Tenho muita pena dos que ficam na rua e sentem fome. Isso não pode mais existir", diz.

Saiba onde você pode adotar seu PET
Há vários locais onde se pode adotar um pet. Para isso, em geral, é necessário ter mais de 18 anos e apresentar RG, CPF e comprovante de residência. Antes de levá-lo para casa, é preciso assinar o termo de posse responsável. Em geral, são entregues castrados e vacinados. Confira:

CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Santo André (Rua Igarapava, 239, tel.: 4990-5256). Realiza a feira Adota Animal no último domingo do mês no Parque Central.

CCZ de São Bernardo (Avenida Rudge Ramos, 1.740, tel.: 4365-3365). Realiza feira de adoção no último sábado de cada mês no Parque Municipal Raphael Lazurri (Avenida Kennedy, 1.111).

CCZ de São Caetano (Rua Justino Paixão, 141, tel.: 4232-8170). Mais informações www.saocaetanodosul.sp.gov.br/adocaodeanimais

CCZ de Diadema (Rua Ipoá, 40, tel.: 0800-771-0963). Abre também aos sábados para atender a população.

CCZ de Ribeirão Pires (Rua Catarina Rios Giachelo, 185, tel.: 4824-3748). Entre os cães, há labrador, pit-bull e doberman; todos dóceis.

ONG Ajuda Animal, em Ribeirão Pires. Ligar para o telefone 4827-9215 para agendar entrevista. Acesse www.ajudanimal.org.br




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;