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Manifesto pede tombamento do Canecao
Do Diário do Grande ABC
02/07/1999 | 17:56
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Um manifesto pelo tombamento do Canecao - tradicional casa de espetáculos carioca - deverá ser entregue na segunda-feira (05) ao presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). O pesquisador Ricardo Cravo Albin afirma já ter recolhido cerca de 200 assinaturas de pessoas contrárias à desocupaçao do imóvel, exigência feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), proprietária do terreno onde funciona o Canecao.

Assinaram o documento o compositor Chico Buarque, o arquiteto Oscar Niemeyer, o cartunista Jaguar, a atriz e diretora Bibi Ferreira e o presidente da Associaçao Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, entre outros.

No dia 15 de junho o reitor da UFRJ, José Henrique Vilhena, encaminhou uma notificaçao à casa de espetáculos, que estaria devendo mais de R$ 2 milhoes em taxa de ocupaçao, exigindo a desocupaçao em um mês. Inaugurado em 1967, o Canecao ocupa 4 mil metros quadrados da área total de 102 mil metros quadrados do campus da UFRJ na Praia Vermelha, zona sul da cidade.

De acordo a UFRJ, o contrato de locaçao do terreno da casa terminou em 1996 e as partes nao teriam chegado a um acordo para a renovaçao do documento. Nessa época, o Canecao estaria disposto a pagar R$ 10 mil por mês. A UFRJ diz que o espaço vale até R$ 50 mil.

A direçao do Canecao afirma que os aluguéis estao sendo depositados em juízo, "no exato valor devido". O sócio da casa de espetáculos Mário Priolli, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já foram depositados cerca de R$ 800 mil. Ele classificou de "absurdo" o valor de R$ 50 mil estipulado pela universidade e afirmou que o contrato de locaçao pelo qual a casa deve pagar R$ 9 mil por mês, teria validade até 2001. O Canecao tem shows agendados até março de 2000.

Reintegraçao - A Procuradoria-Geral da UFRJ afirma que se o imóvel nao for desocupado dentro do prazo a universidade entrará na Justiça com uma açao de reintegraçao de posse. A UFRJ pretende usar a área do Canecao para outros empreendimentos. Pelos cálculos de Vilhena, essa iniciativa poderá render até US$ 5 milhoes por ano.

"Nossa luta é um alerta em defesa dos pontos de referência da cidade", disse Ricardo Cravo Albin, autor do manifesto. "Me formei na UFRJ e entendo sua luta por verbas, mas esse nao é o caminho, porque o Canecao faz parte de nosso mapa cultural, sentimental e afetivo."




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