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Cooperativismo aposta em ritmo de crescimento do País para expansão da concessão de crédito

Alta é estimada em quase o dobro dos bancos tradicionais

Humberto Domiciano
13/10/2017 | 07:58
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Com 13,2 milhões de associados em todo o Brasil, o cooperativismo afirma a aposta na expansão da concessão de crédito, em quadro de início da recuperação da crise econômica pela qual o País vem passando. Segundo informações divulgadas em evento realizado nesta semana, organizado pelo Sicredi, em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), as cooperativas de crédito vivem bom momento.

Na visão do presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, a tendência é reforçada pelos números do mercado. “O momento é propício para a expansão. As cooperativas obedecem um ritmo que, na média, está acima do dobro do sistema bancário brasileiro. O setor agrícola cresce a ritmo chinês – de 12% ao ano. Existe confiança no setor e é uma grande tendência para os próximos anos”, destacou.

De acordo com dados relativos ao ano de 2016 e divulgados em setembro pelo BC (Banco Central), o País tem 1.017 cooperativas em atividade, presentes em cerca de metade das cidades brasileiras, com 4.679 agências de atendimento.

Em termos gerais, os ativos administrados por essas entidades somaram R$ 154,1 bilhões, com R$ 83,6 bilhões na carteira de crédito, em dezembro de 2016.

Para o presidente da SicrediPar, Manfred Alfonso Dasenbrock, o sistema cooperativo tende a disputar espaço também em regiões mais populosas, como o Grande ABC.

ESTRUTURA E TREINO
“Os exemplos mostram que é possível concorrer. O sistema bancário tradicional é bastante frio e na cooperativa é mais humano. Em uma cidade grande atende-se gente simples da mesma forma do que no Interior. Com uma boa estrutura e bom treinamento, conseguimos reunir as pessoas. No Grande ABC, temos problemas até para achar local para reunirmos 500 pessoas nas prestações de contas das cooperativas”, pontuou.

Dasenbrock citou ainda que um obstáculo para a expansão do cooperativismo era a proibição (derrubada em 2007) para o estabelecimento de cooperativas em cidades com mais de 1,5 milhão de habitantes.

INADIMPLÊNCIA
Outro ponto que chama a atenção no sistema é a baixa taxa de inadimplência. Conforme o Sicredi, no primeiro semestre de 2017, o percentual de atrasos nos pagamentos correspondeu a somente 2,08% na entidade.
“Atuamos diretamente com o sócio, o dono do empreendimento, a forma de investimento é mutual. Ele (o tomador) se protege e procura manter o crédito. Temos também um processo moderno de seletividade e procuramos emprestar para o bom pagador”, completou Dasenbrock.

Atualmente, o Sicredi possui 116 cooperativas de crédito filiadas, em 1.185 cidades. No Grande ABC, a rede de atendimento conta com oito unidades, que ficam localizadas em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires.

GARANTIAS
A segurança do sistema de cooperativas é consolidada pelo FGCoop, um fundo garantidor, que no caso de risco de quebra, atua para evitar o fechamento de entidades associadas. A garantia chega a R$ 250 mil. “Esse instrumento garante autonomia e segurança para todos os associados”, resumiu Freitas.

Tecelões ingleses iniciaram sistema no século 19

A cidade inglesa de Rochdale recebeu, em 1844, a primeira cooperativa de que se tem notícia. Formada por um grupo de 28 tecelões, a entidade pode ser considerada um modelo básico do que, a longo prazo, viria a ser o cooperativismo.

No Brasil, o pioneirismo coube ao padre suíço Theodor Amstadt, que criou em 1902 a primeira cooperativa brasileira, na cidade de Nova Petrópolis (Rio Grande do Sul).

Ao longo de sua trajetória, Amstadt ainda participou da formulação de outras 37 entidades, espalhadas por todo o Estado do Rio Grande do Sul, boa parte delas ainda segue em operação até os dias atuais.

Conforme dados do BC (Banco Central), na divisão por regiões, o Sudeste tem hoje 490 cooperativas, seguido da região Sul, com 317. Já o Nordeste registra 88 instituições, enquanto o Centro-Oeste chega a 79 e o Norte a 43.

O espaço para expansão dessa modalidade de negócio pode ser evidenciada por números da Woccu (World Council of Credit Unions, ou, Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito, em português). Segundo a entidade, que representa o cooperativismo, no ano passado, foram registrados 235 milhões de associados e 68 mil cooperativas de crédito, localizadas em 109 países de seis continentes.

A entidade realiza ainda um cálculo da taxa de penetração do segmento – compreendida pela divisão do número total de integrantes de cooperativas de crédito pela população em idade economicamente ativa –, que chega a 74,47% na Irlanda, 52,61% nos Estados Unidos, 46,71% no Canadá, 19,65% na Austrália e apenas 3,42% no Brasil.

O jornalista viajou a convite do Sicredi




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